São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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MST prepara novas lideranças

GEORGE ALONSO
DO ENVIADO ESPECIAL AO PONTAL DO PARANAPANEMA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) já está tirando proveito do episódio das prisões e fuga de líderes do movimento no Pontal do Paranapanema. A idéia é formar novos líderes com a mesma capacidade de organização dos que ficaram "fora do baralho" depois da ordem de prisão preventiva.
"Vamos preparar ainda mais os outros coordenadores do movimento da região. Para cada um preso, teremos mais quatro", disse ontem de manhã Laércio Barbosa, um dos ex-foragidos e responsável pelo sistema de dados montado no computador do MST na região do Pontal.
Outra função que competia a Barbosa era a de realizar contatos com entidades e com a mídia. Na sua ausência, o papel de relações públicas coube a Carlos Rainha, irmão de José Rainha Jr., bem menos experiente na função.
Como a coordenação regional do MST no Pontal tem 15 integrantes que podem ter no futuro problemas com a Justiça, os sem-terra vão agora acelerar o aprimoramento de seus quadros.
O fato é que a prisão de Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto e a fuga de Rainha e Barbosa não teriam influenciado o ritmo das invasões, se o governo Mário Covas (PSDB) não tivesse feito o acordo sobre o assentamento de 2.101 famílias.
O MST aprendeu, como legado do regime militar (1964-1985), que é importante não centralizar demais a capacidade do movimento em poucas pessoas. Por isso montou uma estrutura interna mais horizontalizada, que permitiria a continuidade das ocupações.
Mas o episódio da prisão das lideranças, considerado um aprendizado para alguns jovens coordenadores, serviu para o MST perceber suas fragilidades, o que levou Gilmar Mauro, um dos 15 dirigentes nacionais da entidade, a ter maior presença no Pontal.
Enquanto esteve foragido, Barbosa circulou pelo Pontal e pelo norte do Paraná, mas se sentiu imobilizado. "Foi difícil. Você não pode nunca cair na rotina, para não ser surpreendido", afirmou.

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