São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Líder é aplaudido ao atacar Covas e FHC

DO ENVIADO AO PONTAL DO PARANAPANEMA

O principal dirigente do MST, João Pedro Stedile, atacou com palavras pesadas o governador paulista, Mário Covas, e o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, durante discurso em palanque para os sem-terra, no qual foi muito aplaudido.
No discurso, ele comparou a reforma agrária a uma partida de futebol: de um lado, estão os sem-terra, e, de outro, os latifundiários, muitas vezes apoiados por governantes e juízes.
Ao começar o discurso, Stedile perguntou à multidão se ali havia "algum vagabundo" no Pontal, referindo-se àqueles que qualificam os sem-terra com essa expressão.
A multidão respondeu "não". Em seguida, Stedile afirmou ironicamente que, se tivesse, era só chamar Covas para "fazer um campeonato". O povo riu.
Em relação ao presidente Fernando Henrique, a citação foi diferente. Stedile afirmou que a Justiça mandou prender quatro líderes tendo como base nomes que apareceram em reportagens de jornal. Em seguida, o dirigente do MST disse: "Se for mandar prender todos os que aparecem nos jornais, o primeiro filho da puta a ser preso é Fernando Henrique, que está todo dia nos jornais".
Ao final, perguntando sobre o uso de expressões que poderiam ser consideradas ofensivas a autoridades durante o ato público (não em conversa informal), Stedile deu sua explicação.
"Não quis ofender o governador, nem o presidente. Foi uma força de expressão, da emoção do momento".
"Se vocês (jornalistas) entenderam diferente, já estou me retratando", disse.
O estilo do discurso de palanque de Stedile, filho de imigrantes italianos, formado em economia pela PUC-RS e pós-graduado no México, é cheio de ironias e expressões fortes como "burguesia de merda" e "boi de botas", como se referiu ao ex-presidente do Incra.

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