São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Ex-ministros defendem poderes do BC

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas disse ontem que o Banco Central está "adotando uma medida preventiva, no sentido de preservar o setor financeiro", ao comentar as decisões sobre intervenções em bancos.
Ele lembra que países como Venezuela, Argentina e México enfrentaram "graves problemas" em seus sistemas financeiros. "Há precedentes e o BC quer evitar que isso venha a ocorrer no Brasil."
Apesar disso, Galvêas fez ressalvas. "Acho que não havia necessidade dessa medida extrema", disse, referindo-se à MP que prevê até desapropriação.
O ex-ministro Mário Henrique Simonsen não quis comentar a MP por não tê-la lido. Mas afirmou ser favorável a todas as medidas que aumentem o "poder de fiscalização do BC".
Para Simonsen, é importante que o BC tenha elementos "para forçar os bancos a se corrigirem".
O ex-ministro citou como um bom exemplo o modelo do Banco Central dos EUA (Federal Reserve), que estabelece uma nota, de um a cinco, confidencialmente, para cada instituição. Os bancos que recebem nota baixa são obrigados a imediatamente apresentar um plano de reestruturação. "Nenhum banco morre de repente."
O presidente da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Álvaro Augusto Vidigal, disse que "apesar de parecer um absurdo, essa MP é melhor do que a liquidação extrajudicial".
Na liquidação de instituições, afirmou, "o povo sempre sai perdendo e quando não é o povo, como no caso do Banespa, é o governo que sai perdendo".
Vidigal lembrou que "o Orçamento do Covas (Mário Covas, governador de São Paulo) não prevê um centavo para o Banespa no próximo ano. O governo federal vai ter que bancar tudo".
Indagado se a MP não daria excessivos poderes ao BC, Vidigal argumentou que "ele já tem a caneta, já pode liquidar uma instituição. Ao contrário, acho que a MP diminui o tamanho da caneta".
Para o economista e professor da FGV Paulo Nogueira Batista Jr., o que motivou a edição da nova MP foram "as trapalhadas em torno do Banco Econômico".
"A medida é complementar à que estimula as fusões bancárias e tem o objetivo de impedir que os sócios da instituição obstruam as negociações", disse.

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