São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995 |
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Bálcãs nunca mais serão os mesmos
TONY BARBER
Os perdedores são os cidadãos comuns da ex-Iugoslávia, atirados de cabeça dentro do mais violento conflito europeu desde 1945. Estima-se que 200 mil pessoas tenham morrido na Bósnia e na Croácia, em guerras que destruíram algumas das mais antigas e civilizações balcânicas. A comunidade sérvia da região da Krajina, na Croácia, deixou de existir, destruída em decorrência de sua revolta armada contra o governo de Zagreb e a vingança militar croata de agosto, que expulsou mais de 150 mil sérvios. Durante boa parte da guerra parecia que os vencedores seriam os sérvios, tendo em vista que haviam conquistado o controle de 30% da Croácia e 70% da Bósnia e evidentemente pretendiam unir essas zonas à Sérvia. Hoje, porém, depois das vitórias croatas e da subsequente intervenção da Otan na Bósnia, o quadro se apresenta muito mais sombrio para eles. Não haverá mais Grande Sérvia, e a presença sérvia na Croácia, que já durava séculos, foi reduzida a quase nada. Há razões para temer que o governo croata vá pressionar os sérvios a abandonarem a Eslavônia Oriental, última região do país dominada por sérvios. Na Bósnia, também, a situação não é boa para os sérvios. Eles devem acabar controlando 49% do território, mas ainda farão parte de um Estado bósnio cujas fronteiras anteriores à guerra são reconhecidas internacionalmente. Se alguma das partes em conflito pode ser considerada vencedora, é provavelmente a Croácia. Primeiro porque ela voltou a controlar quase todo seu território, com a perspectiva de dominar a Eslavônia Oriental num prazo máximo de dois anos. Segundo, porque chegou muito perto de sua meta de construir um Estado "nacionalmente puro", uma Croácia só para croatas. Conquistou influência enorme no oeste e no sul da Bósnia e é a parceira dominante na federação muçulmano-croata na Bósnia. Contrariamente às esperanças dos nacionalistas sérvios e croatas, as fronteiras não foram redesenhadas. Mas provocou movimentos forçados de milhões de pessoas. Nesse sentido, os Bálcãs nunca mais serão os mesmos. Texto Anterior: Militar dos EUA rejeita símbolo da ONU Próximo Texto: Deputada diz ter filho de 14 anos com Menem Índice |
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