São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Militar dos EUA rejeita símbolo da ONU

IMRE KARACS
DO "THE INDEPENDENT"

Um soldado norte-americano começou a ser julgado ontem em uma base do país na Alemanha por ter se recusado a usar a boina azul e as insígnias da ONU.
O oficial médico Michael New, 22, é acusado de "desobedecer a uma ordem legal".
Seu gesto, o primeiro desse tipo no Exército dos EUA, uniu direitistas contra a política do presidente Bill Clinton na ex-Iugoslávia.
New negou-se a usar a boina e as insígnias azuis da ONU quando sua unidade foi convocada para juntar-se à missão de paz da ONU na Macedônia, em 10 de outubro.
Ele alegou que, como jurou lealdade aos Estados Unidos, usar outro uniforme seria desleal.
"A questão é se ele vai como soldado ou como lacaio da ONU", disse o chefe de sua equipe de quatro advogados.
Sua atitude "heróica" capturou imediatamente a imaginação da direita norte-americana. No Texas (sul dos EUA), seu Estado natal, cidadãos organizaram manifestações em seu apoio.
"Vamos parar de falar de Michael New como um garoto egoísta que não teve coragem para ir (à Macedônia)", disse Mark Gilman, apresentador de um programa de TV que discursou em uma manifestação em Conroe, cidade natal do soldado. "New é um herói."
Os participantes da manifestação emitiram um comunicado, exigindo do governo que "nenhum cidadão norte-americano seja forçado a servir uma potência estrangeira, incluindo as Nações Unidas, contra sua vontade".
No mês passado, 43 congressistas assinaram uma carta a Clinton exigindo "uma completa análise legal e constitucional de suas ordens colocando membros das Forças Armadas sob o comando de oficiais estrangeiros da ONU".
Parlamentares do Partido Republicano apresentaram um projeto de lei proibindo o presidente de exigir que tropas dos EUA usem a insígnia das Nações Unidas.
Se aprovada, a proposta praticamente excluiria os Estados Unidos das forças de paz da ONU.
Com o país na iminência de mandar milhares de soldados para a ex-Iugoslávia, a proposta pode causar problemas para a diplomacia norte-americana.
New, descrito por seus superiores como um bom soldado, deve ser levado a uma corte marcial em janeiro. Segundo integrantes das Forças Armadas, a provável punição do oficial deve ser sua saída do Exército. Mas, no Texas, ele deve ser recebido como herói.

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