São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Déficit financeiro

O novo déficit orçamentário registrado em outubro e o reconhecimento oficial de que as contas públicas terão resultado negativo no ano de 1995 vem apenas confirmar uma situação já lamentavelmente conhecida. A reforma do Estado está marcando passo. E as altíssimas taxas de juros mantidas pelo BC durante o ano elevaram dramaticamente o custo da dívida pública.
O crescimento de 7,7% dos gastos federais com pessoal entre janeiro e setembro últimos, em relação a igual período do ano passado, exemplifica com clareza a timidez dos avanços na racionalização da máquina pública.
Como em 1993 e 1994, porém, as receitas continuaram a superar as despesas não-financeiras da União. Dados do Banco Central mostram um superávit primário de 1,5% do PIB nos primeiros oito meses do ano. É quando computada a despesa com o pagamento de juros que o governo federal registra um déficit nominal de 1,1% do PIB.
O desempenho dos Estados e municípios é o mais preocupante. Eles não lograram obter nem mesmo um superávit primário. O déficit de 0,4% do PIB registrado antes dos encargos financeiros salta para 4,0% do Produto Interno Bruto quando adicionado o ônus dos juros nominais sobre suas dívidas.
Se a atitude de "errar por excesso de precaução" pôde de algum modo legitimar os juros estratosféricos no início da estabilização, daqui em diante tais excessos podem mostrar-se cada vez mais como uma das ameaças principais ao Plano que visavam a defender.

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