São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Indenizações valem uma Mercedes ou duas Volks

DA REPORTAGEM LOCAL

Os R$ 385,5 milhões que Fábio de Oliveira Luchesi Advocacia de Terras e Outros tem a receber do Incra equivalem aos investimentos que a Mercedes-Benz fará no Brasil, até 1999, para construir uma fábrica de automóveis e produzir 80 mil carros compactos por ano. A empresa anunciou que aplicará US$ 400 milhões.
Segundo Luchesi, ele e 19 pessoas que são sócias na fazenda desapropriada são donas de 7.200 alqueires em São Paulo, ou 17.280 hectares (cada alqueire paulista tem 2,4 hectares).
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o preço médio de um hectare com pastagens, em São Paulo, no primeiro semestre, era R$ 2.940. Esse valor saltava para R$ 3.935 em terras com lavoura.
Dados esses números, ainda que todos os 17.280 hectares desapropriados fossem cobertos de lavoura ou aptos para a agricultura, chegar-se-ia ao valor máximo de R$ 67,99 milhões.
Santos Guglielmi tem a receber R$ 131,5 milhões por uma área desapropriada correspondente a 12.500 hectares no Paraná.
Segundo a FGV, o preço médio do hectare no Paraná para pastagens é R$ 2.231 e R$ 2.882 para lavoura. Se toda a extensão em questão fosse apta à agricultura, valeria, no máximo, R$ 36,02 milhões.
José Lages Filho tem a receber R$ 54,5 milhões por 6.000 mil alqueires (ou 14.400 hectares) também no Paraná. Pelo mesmo critério, chega-se a um teto de R$ 41,5 milhões.
Duas Volks
Juntas, essas indenizações, se efetivamente pagas pelo Incra, somam R$ 571,5 milhões. Por menos da metade, a Volkswagen detonou um verdadeira guerra fiscal no país.
A empresa tinha US$ 250 milhões para investir em uma fábrica de caminhões e ônibus. São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas se engalfinharam e prometeram toda sorte de incentivos para ficar com o dinheiro. O Rio ganhou a parada.

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