São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Setor financeiro elogia medida do BC

DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes do setor financeiro reagiram com otimismo à notícia da incorporação do Nacional pelo Unibanco.
Para o vice-presidente do Bradesco e ex-presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Alcides Lopes Tápias, foi uma solução "boa" para o Nacional.
"As dificuldades -justificadas ou não- do banco já eram de domínio público. Está afastada a possibilidade de uma crise bancária", comentou Tápias.
O ex-presidente do BC e presidente do BBA - Creditanstalt, Fernão Bracher, também considerou a medida "boa e tranquilizadora" para o mercado financeiro.
"A atitude do BC mostra que ele está preocupado com as três questões básicas referentes a bancos com problemas: a proteção aos depositantes, a responsabilização dos administradores e proprietários e a sobrevivência da instituição e seus funcionários", disse Bracher.
Ele acrescentou que o BC está com muito mais poder de intervir no mercado, após as recentes medidas baixadas pelo governo para evitar uma crise bancária.
O presidente do Banco de Boston, Henrique Meirelles, entente que a fusão Unibanco/Nacional é a conclusão de um movimento normal, "que tinha de sair".
O vice-presidente executivo do Banco BMC, Mailson da Nóbrega, entende que a fórmula encontrada para o caso Nacional é "uma solução transitória, até que o tempo permita uma avaliação melhor e uma negociação conclusiva entre as partes".
Para Mailson, qualquer que seja o resultado, "será melhor que a intervenção do Banco Central ou a liquidação do Nacional".
Esta última alternativa seria a pior, segundo Mailson, "pois poderia detonar crise no sistema financeiro e ferir de morte o real".
O ex-ministro da Fazenda disse que, em qualquer país do mundo, o governo adota medidas para evitar o pânico entre poupadores e o colapso do sistema financeiro.
Isso porque um banco é uma empresa especial. Se uma indústria quebra, isso é problema para os donos, os empregados e os clientes. quando um banco quebra, atinge donos, empregados e clientes, mas também todo o sistema.
Empresários ouvidos pela Folha disseram estar de acordo com o uso pelo Banco Central da MP como corda de salvamento do Nacional pelo Unibanco.
O selo de aprovação, porém, é condicionado à necessidade de impedir que a credibilidade do Plano Real seja ameaçada por uma crise no sistema financeiro.
Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse que são bem-vindos todos os esforços para manter o sistema bancário funcionando sem turbulência.
Roberto Teixeira da Costa, presidente do capítulo brasileiro do Ceal (Conselho de Empresários da América Latina), disse que a fusão de dois bancos em qualquer país é apenas um negócio que acompanha uma tendência mundial no setor.
"No Brasil, no entanto, acabou sendo uma verdadeira operação de resgaste, que, em vez de acontecer suavemente, foi cercada de um clima caótico."
Mas, disse, é uma interrogação a menos em um mercado que vive uma situação de apreensão, cujas raízes estão na intervenção do BC no Banco Econômico.
Sérgio Magalhães, presidente do Sindimaq/Abimaq (Sindicato Interestadual e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas) disse que a quebra de um banco causaria quebra de outros e jogaria o Plano Real "por água abaixo".

Texto Anterior: BC divulga atos sobre regime de administração temporária
Próximo Texto: Unibanco fica entre os três maiores bancos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.