São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Dinheiro tem morte lenta com automação

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Dinheiro, para quê dinheiro? Cada vez menos os consumidores precisam carregar reais em espécie no bolso para fazer pequenos pagamentos.
O dinheiro virtual, em forma de cartão magnético, já é uma realidade nos grandes centros brasileiros.
Na megalópole de São Paulo, clientes de diversos bancos conseguem pagar, de forma eletrônica, do tradicional cafezinho ao cinema, do pãozinho matinal ao peixe das sextas-feiras, das compras no supermercado ao abastecimento do carro.
Tudo, sem carregar nenhum tostão. É tempo de aposentar o dinheiro vivo. Será?
"Estamos apenas no início do processo de substituição do papel-moeda e do cheque pelo cartão magnético. É um caminho lento, mas sem volta: o dinheiro de plástico é mais simples, mais seguro, mais prático", responde José Francisco Canepa, presidente da Credicard.
A Credicard administra, além de cartões de crédito, um sistema de cartões de débito, a RedeShop. Em 12 mil estabelecimentos comerciais espalhados pelo país, os clientes de 13 bancos (Itaú, Citibank, Unibanco, Bamerindus, Safra, CEF e outros) pagam compras com cartão magnético.
Os volumes têm apresentado crescimento espantoso. Em outubro, a RedeShop processou 175 mil transações, número 5.733% maior que os três mil pagamentos feitos em janeiro passado. A média de gastos é de R$ 40 por transação.
Nesses débitos eletrônicos, o dinheiro sai da conta corrente do consumidor e entra na do comerciante ou prestador de serviços. O débito é feito um dia depois, como se fosse um cheque normal.
Como o débito é autorizado somente se houver saldo na conta corrente do consumidor, o pagamento é líquido e certo para o estabelecimento.
Em breve, os 10 milhões de clientes que podem usar a RedeShop no país poderão fazer o mesmo no exterior. A Credicard firmou convênio, há duas semanas, com a Maestro, rede de débito em 70 países. Nos Estados Unidos, o dinheiro virtual movimenta US$ 40 bilhões por ano.
Até março do ano que vem, Canepa espera aumentar a RedeShop para 30 mil pontos.
Outros 30 mil estabelecimentos têm terminais do Bradesco.
No Telecompras do Bradesco, os 12 milhões de correntistas e poupadores do banco pagam à vista ou em até três vezes, numa espécie de pré-datado eletrônico.
O banco está fazendo, ainda, uma experiência-piloto do "smart card" (cartão inteligente) em Barueri (SP). Como o cartão tem memória, o cliente transfere o dinheiro para ele e sai gastando. Sem complicações, como falta de troco.
"No futuro, poderemos usar o cartão inteligente em táxis, bancas de jornais, nos lugares mais prosaicos", prevê Odécio Grégio, diretor técnico do Bradesco.
O futuro já chegou para algumas frotas de veículos de empresas clientes do Bradesco, que abastecem seus carros sem usar dinheiro em nove postos paulistanos.
O processo é todo automático: as bombas e os veículos têm sensores que, acionados, identificam na hora o automóvel, sua quilometragem, o tipo de combustível utilizado etc.
"Até o final do ano estenderemos o sistema para mais 21 postos, nas rodovias Presidente Dutra, Fernão Dias e Régis Bittencourt", afirma Grégio.

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