São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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"Idade crítica" agora atinge quarentões

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A "idade crítica" agora chega mais cedo. Se profissionais na faixa dos 50 anos tinham dificuldade para conseguir uma colocação, essa realidade já atinge os de 40.
"Houve uma queda na faixa etária", confirma Maria de Fátima Vital Pinto, 32, gerente da consultoria Coopers & Lybrand.
"Profissionais que acabaram não se reciclando com o tempo são ultrapassados", avalia Fátima.
Há um ano, pediu demissão de uma empresa de lingerie e até agora não encontrou emprego.
Hoje ele sobrevive de "bicos" -coloca em grandes redes de lojas pequenas marcas. "Ganho por comissão, como autônomo." Seu salário um ano atrás era R$ 3.500.
Ele admite ter aversão a certos requisitos básicos do mercado de trabalho. "Não sei nada de informática nem falo outro idioma."
Quanto mais alto na hierarquia, menos pesa o fator idade. Segundo a Folha apurou junto a consultorias, várias empresas descartam profissionais a partir do ano de nascimento -sem nem sequer avaliar qualificação.
"O canal é ir antes do currículo", ensina Victoria Bloch, 44, sócia da consultoria de recolocação DBM e professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Segundo ela, muitas recolocações hoje em dia são feitas por "rede de relações" -pessoas que o profissional conhece no meio.
Victoria explica que é importante causar uma impressão de dinamismo ao pleitear uma vaga. "A última coisa que será perguntada é a idade."
"Todos têm relações. O desempregado sempre conhece alguém que pode ajudar. Alguém com quem joga futebol ou estudou junto", afirma, ressaltando a importância do convívio social.
"É preciso ter um projeto para apresentar. A apresentação física também conta."

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