São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Angélica interpreta teen que não teve adolescência

NOELLY RUSSO
EDITORA DO FOLHATEEN

Ela está mais bonita do que nunca. Pode ser considerada hoje uma das melhores profissionais de programa de auditório do país. Mas, de adolescente, Angélica não tem nada.
Em seus dois programas supostamente para teens no SBT -"TV Animal" e "Passa ou Repassa"-, a garota deixa claro que termos como "galera", "é animal" ou "se liga" não fazem parte de seu repertório longe das câmeras.
Nem poderia ser diferente. Trabalhando desde muito cedo e, principalmente, na adolescência, Angélica deve ter tido pouco tempo para viver a vida de um jovem real.
Desde sempre esteve na TV e pouco tempo em frente a ela. Sua adolescência sempre foi xeretada e deslocada da realidade de outros teens.
Dificilmente se imagina que ela teve turma, com a qual "matou" uma aula. Também não dá para imaginar Angélica fazendo trabalho em grupo ou passando a tarde no shopping, em grupos de garotas. Ela pulou essas partes.
Por essas e outras é que não dá esperar que Angélica realmente seja uma teen. Ela é ótima profissional.
Hoje, a apresentadora encarna um Silvio Santos de saias. E com pinta. É competente, sabe manter o auditório ligado e conduzir seus programas sem gafes. Mas deixa claro que não fala com um público com o qual se identifica.
A galera são outros, nunca ela. Principalmente em "Passa ou Repassa", a impressão é de que as roupas "radicais" a incomodam. Angélica não é, nem nunca foi, radical. É quase uma lady, e bonés, jeans esfarrapados ou plástico não combinam com ela.
Em "TV Animal", é mais simples. Talvez porque crianças o assistam mais que adolescentes e ela não tenha de se esforçar tanto para criar uma empatia que não tem.
A esperteza do SBT está em colocar seus programas antes de começar o filé mignon da juventude na emissora: o "Programa Livre".
É só assistir às apresentações de Angélica e Serginho Groisman para perceber com clareza quem continua a ser o verdadeiro teen do pedaço.

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