São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995 |
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Motor V8 é a melhor parte do Ford Mustang GT
GRACILIANO TONI
Com 4.982 centímetros cúbicos (cinco vezes maior que o de um Mille) e 218 cavalos vapor (o dobro da potência do motor da S-10), torna o carro delicioso em qualquer situação. Ele não é perfeito, claro. Um dos seus "vícios" é beber demais. Em média, faz 6,2 quilômetros por litro de gasolina. Também é muito pesado, o que torna a frente do carro pesada, prejudicando frenagens e a estabilidade em curvas. Deixando os pequenos defeitos de lado, é um dos melhores motores feitos até hoje. É extremamente forte em baixas rotações, permitindo, por exemplo, sair em segunda marcha mesmo em subidas leves. Em quinta, o carro roda em marcha-lenta (quando o motor não é acelerado), a 45 km/h, sem reclamar. A 100 km/h, o V8 continua tranquilo, a apenas 1.600 rpm. Querendo, é possível fazer a brincadeira oposta -acelerar fundo, reduzindo as marchas e exigindo o máximo do motor. Também nesse caso ele se comporta muito bem. Os tempos de aceleração não chegam a ser brilhantes, em parte porque o carro é pesado. Em compensação, nas retomadas -por exemplo, em ultrapassagens- em que se usa o câmbio, o Mustang está entre os melhores do mundo. Em primeira, o carro beira os 80 km/h. Em segunda, bate nos 130 km/h, indo a 180 km/h em terceira e superando os 200 km/h em quarta. A quinta marcha pode ser esquecida pelos que gostam de desempenho e não fazem muita questão de economia. Andando em quarta, o ruído do motor fica mais audível (vale a pena ouvi-lo o tempo todo), e o carro reage melhor ao acelerador. "Encurtando" a relação de transmissão (ou seja, usando engrenagens no eixo traseiro que dividem mais a rotação do motor), o Mustang deve acelerar melhor. É difícil imaginar um motor que combine mais com o Mustang que o velho 302 (a capacidade do motor em polegadas cúbicas, medida usada nos EUA no lugar de centímetros cúbicos). A Ford imaginou. Ano que vem, o carro recebe outro V8, com comando de válvulas no cabeçote. Ele é menor -cerca de 4.600 cc- e mais leve. Não tem tanta tradição ou charme, mas é mais econômico e menos poluidor. Outros componentes O Mustang GT 95 testado pela Folha ainda usa o motor 302. Ele tem a carroceria mais recente, redesenhada em 94, com inspiração no modelo original, de 64. Sua suspensão traseira, infelizmente, também é muito parecida com o dos primeiros carros. Ficou um pouco mais refinada -braços de posicionamento e molas helicoidais no lugar de feixes de molas-, mas ainda não é boa. Alguns tipos de piso -por exemplo, com ondulações transversais, conhecidas como costelas-de-vaca- fazem o Mustang perder o rebolado. Melhor dizendo, é aí que ele dança mais, com a traseira querendo a qualquer custo sair da trajetória. O carro usa pneus superbaixos (bons para curvas e ruins para buracos); suas suspensões são duras; embreagem e freio são pesados. Texto Anterior: Fábrica vai completar 110 anos Próximo Texto: Modelos antigos são clássicos Índice |
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