São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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O rei

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem Vicentinho, nem Benedita. Nos 300 anos da morte de Zumbi, Pelé é o novo líder dos negros.
A homenagem em Santos, onde marcou com os pés negros um bloco de concreto, ao vivo da Globo, fechou uma semana em que Pelé fez um corajoso pronunciamento -diante das lideranças históricas dos negros no Brasil- e depois suportou imensa pressão.
Pelé fechou a semana ainda mais rei do que antes.
Ainda em lágrimas, ele deu entrevista no campo:
- Olha, eu juro por Deus... Eu estava brincando que um homem de Três Corações já não sentia mais emoção. Mas eu abri a boca, rapaz. Vendo o Edinho do meu lado, ali, num dia como este, dia da Bandeira, dia do Pelé, pisei nesta grama aqui sem a chuteira, e não deu para aguentar. Mas eu quero agradecer a todo o povo brasileiro e dizer... todas as homenagens me façam em vida, porque eu quero viver este momento sempre.
Era Pelé, dizendo que pode ser "o maior atleta do século", pode ser "o rei do futebol", mas quer mais.
No intervalo do jogo, ontem, Pelé viajou até Maceió para protagonizar, tendo o presidente da República ao seu lado, o dia de Zumbi.
O dia de Pelé.
O presidente
Fernando Henrique, quando viajou a Maceió, estava em situação oposta.
A demissão de um ministro militar ganhou pouca repercussão na televisão, que domingo se restringe a poucos minutos, nos plantões da Globo, no Fantástico, no Jornal da Noite, da Bandeirantes.
Mas fervilhou com ares de crise nacional, nas rádios CBN e Jovem Pan.
A nota do ministro, quanto às "polêmicas indesejáveis", e a nota do presidente, quanto à "colaboração invariavelmente leal" do ministro, surgiram acompanhadas de declarações raivosas, principalmente de senadores, exigindo explicações do governo.
Não bastasse, a CBN ainda registrou que a nora do presidente da República, que é da família Magalhães Pinto, que foi proprietária do Banco Nacional, está agora com os seus bens indisponíveis.

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