São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Futuro da Bolsa depende da privatização

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A sorte das Bolsas brasileiras depende do processo de privatização. Não se trata de motivação exclusivamente ideológica.
No mês passado, apenas dez ações concentraram 84,9% do volume negociado na Bolsa paulista. O restante (15,1%) foi disputado pelas demais 550 empresas de capital aberto (com ações em Bolsa).
A concentração atrelou a sorte do mercado às privatizações. Somente a venda dessas empresas vai mudar o padrão de lucratividade e afetar os preços das ações (para cima), avalia Sérgio Santamaria, diretor do Banco de Boston.
Os investimentos feitos pela Bolsa paulista, segundo Santamaria, tornaram-na extremamente competitiva, mas ainda existem problemas estruturais. Um deles é o tipo de ação que se negocia.
No exterior, "a compra de um lote de ações em Bolsa pode definir o controle das empresas. Aqui, raramente ações ordinárias (que dão direito a voto) são negociadas em pregão", diz.
No caso das preferenciais, Santamaria lembra que "nos EUA e na Europa, elas asseguram ao investidor um dividendo mínimo, o que não acontece no Brasil".
Assim, resta ao investidor em Bolsa um único atrativo: o ganho de capital (poder vender mais caro as ações que comprou). Logo, o investidor concentra seus investimentos nas ações mais negociadas.
Santamaria preparou um estudo sobre o desempenho esperado dos principais setores:

Telecomunicações - A expectativa é boa. A recomposição tarifária aumenta a lucratividade.

Energia - É o setor que pode ter a privatização mais rápida.

Petróleo e petroquímica - A quebra do Econômico deve gerar mudanças no controle acionário de empresas no pólo baiano.

Siderúrgico - É um setor exportador e competitivo. Os preços da energia e do minério, que devem subir, podem afetá-lo.

Mineração - A expectativa é que o preço do minério suba. A Vale não deve, neste ano, aceitar preços fixados pelos australianos.

Bancos - A compra de parte do Nacional pelo Unibanco é apenas a primeira de uma série. A fórmula encontrada será bem aceita pelo mercado.

Papel e celulose - Não se espera qualquer queda dos preços nos próximos dois anos.

Bebidas - O setor não tem capacidade de produção para atender à demanda -por isso, está se associando com empresas estrangeiras. Agora, entra em um período sazonalmente favorável.

Texto Anterior: Oficiais não resistem, diz Mailson
Próximo Texto: Bolsa investe em publicidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.