São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Franquias dos EUA apostam no Brasil

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A estabilidade econômica trouxe um novo atrativo aos executivos brasileiros que pensam em franquear marcas líderes de mercado em outros países.
É que a queda da inflação, aliada ao reduzido ritmo de crescimento desse mercado nos Estados Unidos, está levando os empresários norte-americanos a voltarem mais sua atenção ao Brasil.
"Hoje, são as franquias dos EUA que nos contatam. São empresas que querem que o Brasil seja o seu ponto de partida para a atuação na América Latina", diz Bernard Jeger, presidente da Associação Brasileira de Franchising.
Jeger diz que o mercado de franquias cresce, em média, 30% ao ano no Brasil. Nos EUA, essa cifra varia entre 3% e 4%.
Outra mudança, diz Marcelo Cherto, da Franchising University, é que o mercado de franquia se consolida como negócio para masterfranqueados de médio porte.
"Os donos das franquias em outros países estão mais interessados em pessoas que estejam dispostas a atuar no negócio e não apenas em investir seu dinheiro", diz.
Cherto acrescenta que, com recursos entre US$ 100 mil e US$ 500 mil, em média, os brasileiros conseguem negociar uma masterfranquia que seja líder de mercado nos Estados Unidos.
Um exemplo é a Everlast, franquia de artigos de boxe que abriu há um mês sua primeira loja em São Paulo. A marca é líder de mercado neste segmento nos EUA.
O masterfranqueado Roberto Carlos Lencioni, sócio de uma construtora em São Paulo, conta que está investindo US$ 500 mil para montar o negócio no país. As negociações demoraram quase dois anos e vingaram após diversas adaptações nos contratos.
"As conversas começaram quando ainda tínhamos que explicar para eles o que é um mercado com inflação alta."
Cherto afirma que o interesse das empresas em atuar no Brasil está tornando mais fácil (ou menos complicada) as exigências para um masterfranqueado.
"Já é possível ser um masterfranqueado para apenas uma parte do país, o que reduz o volume a ser investido na operação", diz.
Fábio Setton, masterfranqueado da Post Net para o Mercosul, franquia de serviços de escritório, afirma que quando procurou a marca, há pouco mais de um ano e meio, já havia o interesse da empresa em atuar no Brasil.
"Aplicamos US$ 800 mil para trazer a franquia. Mas percebemos que o negócio, normalmente voltado para os grandes grupos, está se tornando mais acessível para o franqueador pessoa física", diz.
O empresário Luiz Carvalho Zaidan conseguiu trazer ao Brasil a Sign Express, empresa de sinalização norte-americana, com um investimento de US$ 500 mil.
"Trouxemos um nicho de mercado novo, com grande potencial para a sinalização de veículos comerciais."
Zaidan conta que o negócio deve crescer 13% neste ano.
"O empresário pode procurar empresas fora do país e conseguir um bom negócio. Lá fora, as pessoas têm segurança sobre a estabilidade brasileira e querem atuar no nosso mercado", diz Zaidan.
Com investimento mais salgado (US$ 1 milhão), Luiz Namura, sócio da Datapro (franquia brasileira de informática), trouxe a Futurekids para o Brasil.
Com 172 franquias da escola de informática para crianças em funcionamento, Namura afirma que os franqueadores já sabem das limitações do mercado brasileiro.
"Os donos das franquias estão interessados em entrar no mercado brasileiro e estão conscientes das adaptações necessárias", diz.
Um exemplo, diz, é que as franquias brasileiras não usam o marketing enviado pela matriz. "A cultura de uso de computador é diferente e, portanto, as campanhas têm de ser diferentes", diz Namura, que conquistou recentemente o título de melhor franqueado nos últimos três anos.

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