São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Juro do CDB cai para cliente do Nacional

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de hoje, os clientes do antigo Banco Nacional, que deixou de existir como banco desde sábado, vão receber juros menores na renovação de seus CDBs. Essa é uma das decisões da série de reuniões que as diretorias do Unibanco e extinto Nacional tiveram neste final de semana.
O objetivo das reuniões foi o de uniformizar os padrões operacionais para a abertura das agências hoje. "Estivemos reunidos todo o sábado e domingo discutindo uma série de procedimentos para que, na segunda (hoje), as quase 800 agências funcionem como se nada tivesse acontecido", diz o vice-presidente de Finanças do Unibanco, Cesar Sizenando.
Isto é, não serão mais dois bancos operando. O Nacional acabou. "O banco que vai operar é o Unibanco. Não tem plus. É Unibanco, um pouco mais parrudo, mas é o Unibanco e ponto."
O Unibanco passa, agora, a administrar aproximadamente US$ 19 bilhões em aplicações.
"Salvo engano, passa a ser o maior banco em captação do Brasil. É também, e certamente, o maior em administração de recursos de terceiros (dinheiro aplicado nos fundos de investimento), com uma carteira de US$ 5,3 bilhões."
Agora, afirma, o risco do aplicador passa a ser o Unibanco e a taxa de juros proposta será compatível com isso.
Até três meses atrás, conta Sizenando, as taxas praticadas pelos dois bancos eram parecidas. "Mas depois do episódio do Banco Econômico (que sofreu intervenção do BC) e, especialmente, depois que o risco Nacional foi reclassificado, os juros do Nacional dispararam."
Dizendo que "nessa reta final do Nacional, permaneceram os clientes mais fiéis", Sizenando não espera perder clientela por conta da queda dos juros.
Ao contrário. "Nós esperamos é um crescimento da captação. Esperamos que retornem ao banco os investimentos que, nos últimos tempos, migraram do Nacional para outras instituições."
Sizenando diz que a integração entre as duas equipes na sua área (tesouraria e finanças) está sendo muito positiva. "São equipes competentes e competitivas. Que se acostumaram a disputar mercados semelhantes e tiveram um ao outro como o principal adversário em uma série de produtos. Existem muitas afinidades."
Nessa fase, a discussão é de padronização, já que vão continuar existindo duas mesas centrais de operação, ambas em São Paulo -uma no Nacional da Av. Paulista e outra na sede do Unibanco na Av. Euzébio Matoso.
Mas, ao longo do tempo, quando os sistemas de computador e de telecomunicações forem unificados, a mesa central será a do Unibanco. "A inteligência da tesouraria de um banco é sempre centralizada", afirma, para depois acrescentar que "as mesas regionais poderão ser do Unibanco ou do antigo Nacional, ainda vamos analisar as melhores opções".
Sizenando diz que a compra das operações bancárias do Nacional não muda a estratégia geral do Unibanco, de segmentação, embora a base da clientela tenha sido ampliada para 2,1 milhões.
Em janeiro, entrará em operação a nova empresa que passará a administrar os fundos de investimento. E o Banco 1, a instituição virtual do Unibanco, manterá sua estratégia de crescimento.
Na área de crédito, segundo a Folha apurou, a clientela do Nacional foi subdividida para melhor avaliação.
Uma parte, que era cliente de ambos os bancos, terá homogeneizado o tratamento de cobrança de juros e do limite para o valor do empréstimo (que não será necessariamente a soma dos limites anteriormente concedidos). A outra, cliente exclusiva do Nacional, o Unibanco quer conhecer melhor.
Na coletiva à imprensa concedida no sábado, o presidente do Unibanco, Tomas Zinner, acenou com a possibilidade do aumento das linhas de crédito.

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