São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Natação do Brasil tenta novo recorde no Mundial

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

A rapidez na passagem de um nadador ao outro é a arma da equipe brasileira do revezamento 4 x 100 m, nado livre, que vai tentar bater o próprio recorde do mundo no Mundial de natação em piscina curta, na semana que vem, no Rio.
A equipe será formada por Fernando Scherer, 21, André Cordeiro, 21, Alexandre Massura Neto, 20, e Gustavo Borges, 22.
"Sem sombra de dúvida, o Brasil é a melhor passagem de revezamento do mundo, em natação", afirma Alberto Klar, um dos técnicos da seleção.
Enquanto outras equipes fazem a passagem em cerca de 0s27, os brasileiros conseguem reduzir esse tempo para cerca de 0s07 (veja quadro ao lado).
A diferença, que só se obtém à custa de muito treino, pode ser determinante em uma prova de alto nível.
Por isso, a equipe, que treina separadamente -Scherer, em Santa Catarina, Borges, nos EUA, e Cordeiro e Massura, em Minas-, vai se reunir no próximo domingo para ensaiar as passagens do revezamento.
O recorde atual pertence ao Brasil -3min12s11, estabelecido em Palma de Mallorca (Espanha), em 1993. A equipe tinha Fernando Scherer, Gustavo Borges, Teófilo Ferreira e José Carlos Sousa Jr.
A estratégia, segundo Klar, é abrir o revezamento com Scherer, cuja largada é o ponto fraco. "Ele faz o serviço de abertura."
Cordeiro e Massura se sucedem e Borges, "que tem um tempo de reação muito bom", deve fechar o revezamento.
Embora apenas Scherer e Borges sejam conhecidos, Cordeiro e Massura também têm bons tempos nos 100 metros -os dois já nadaram a distância em menos de 50s.
"Para mim, integrar o revezamento é a coisa de mais importante que me aconteceu na natação", exulta Massura, atleta do Minas Tênis, assim como Cordeiro.
Cordeiro lembra que o Brasil terá outra vantagem, além da qualidade da equipe: "A torcida vai estar do lado da gente".
Mas o Brasil vai enfrentar rivais de peso na prova. "EUA, Rússia e Suécia também têm chance de bater o recorde", ressalva Klar.
Os EUA, porém, não devem mandar sua equipe mais forte ao Mundial. Seus principais atletas preferem se poupar para a seletiva olímpica nacional, em março.
A federação norte-americana chegou a pensar em nem comparecer ao Mundial, mas recuou, temendo críticas de outros países.
Fernando Scherer não vê o recorde como principal objetivo pessoal no Mundial. "Quero subir no pódio nos 100 m ou nos 50 m. Se tudo correr bem, bateremos o recorde do 4 x 100 m."
Por sua vez, Gustavo Borges lembra que é importante que os quatro se reúnam para treinar antes do Mundial. "É preciso treinar bastante saída e chegada."
Alberto Klar não acha que os bons resultados recentes da natação brasileira se devam a uma geração excepcional. "Sou treinador há 25 anos. Outras gerações como esta já surgiram. Esta está apenas recebendo mais apoio."

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