São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Bancada

O termo é bastante comum na crônica política: por "bancada" entende-se a representação política de um Estado, partido ou facção.
Mas é óbvio, no Brasil como em qualquer lugar do mundo, ainda que em geral passe despercebido: por trás de toda bancada parlamentar há interesses concretos, em geral de ordem econômica.
Não é segredo, e a Folha chamou a atenção para o fato. Instituições financeiras bancaram com pelo menos R$ 988 mil as campanhas eleitorais de 14 dos 25 membros da comissão responsável pelo exame da MP das fusões bancárias.
É evidente que, relembrado esse apoio, aumenta a exigência de debate e transparência totais.
Bancos que hoje analisam a viabilidade de participar de fusões e incorporações contribuíram para as campanhas de membros da comissão e até do relator da MP. As exigências éticas nessa matéria tornam-se assim ainda mais evidentes.
Naturalmente, a ninguém cabe presumir a culpa alheia. Aliás, tendo os bancos contribuído para as campanhas de tantos candidatos, de vários partidos, nem seria talvez possível formar uma bancada que não tivesse sido "bancada" por instituições financeiras.
O governo já assegurou, por acordo no Senado, que o projeto de apoio às fusões e incorporações bancárias será aprovado, com algumas modificações. Mas a lembrança dos fundos de campanha deveria levar o governo, tratando-se de matéria tão sensível e que hoje passa por intensa discussão, a redobrar esforços e esclarecer a opinião pública sobre os critérios e a consistência da política que propõe.

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