São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Fusão de bancos aumenta divergências

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A coincidência entre o escândalo em torno do caso Sivam e os problemas no sistema bancário colocaram FHC ante o que se avalia, no Congresso, como o primeiro momento de "reais dificuldades".
No caso Sivam, as consequências da revelação de eventual tráfico de influência por parte do ex-chefe do cerimonial do Planalto são nítidas.
Para um dos mais importantes líderes do Senado, o escândalo contaminou de tal maneira o projeto Sivam que o presidente terá sérias dificuldades para levá-lo adiante.
O problema é que o governo norte-americano tem o maior empenho em que seja a empresa Raytheon a executora do projeto. O secretário de Comércio de Bill Clinton, Ron Brown, chegou a interferir pessoalmente em favor da Raytheon.
Se o Senado insistir, como quer Gilberto Miranda, em uma concorrência aberta (a anterior foi limitada), não há a menor garantia de que a Raytheon seja a ganhadora e menos ainda de que o valor do projeto se mantenha no US$ 1,4 bilhão atualmente considerado.
A crise do Banco Nacional, afinal absorvido pelo Unibanco, após intervenção do Banco Central, deixou, por sua vez, sequelas tanto no Congresso como no governo.
No Congresso, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem dito que quer o mesmo tratamento dado ao Nacional para o Econômico, o banco com QG na Bahia que foi colocado sob intervenção do Banco Central.
No governo, a avaliação obtida ontem pela Folha junto a um setor da equipe econômica é a de que houve "uma demora fantástica" do BC para agir no caso do Nacional.
Por essa avaliação, a situação deveria ter sido enfrentada já em abril. A demora teve duas consequências, ambas negativas para o governo:
1 - "Ficou-se na mão do Unibanco, que deitou e rolou", foi o comentário ouvido pela Folha.
Explicação: na semana final da crise, não havia mais alternativa a não ser o BC intervir, como o fez, para imediatamente após passar a parte boa do Nacional para o Unibanco.
2 - "Cada dia que passa, a conta para a viúva aumenta", é o segundo comentário. "Viúva" é a expressão que se usa para designar o Tesouro Nacional, que terá que cobrir parte do rombo do Banco Nacional.

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