São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Raytheon nega irregularidade

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A porta-voz da Raytheon, empresa que venceu a concorrência para construir o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), Elizabeth Allen, diz que "não há qualquer evidência" de que sua companhia tenha feito "qualquer coisa de errado" para obter o contrato.
Segundo ela, a transcrição das fitas gravadas com conversas entre Júlio César Gomes dos Santos, ex-assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso, e José Afonso Assumpção, representante da empresa, "não tem nada de concreto".
Ela faz questão de enfatizar que Assumpção não é funcionário nem agente direto da Raytheon e que a Líder, empresa presidida por ele, não pertence nem é controlada pela empresa norte-americana.
Além disso, diz ela, o contrato de representação independente entre a Raytheon e a Líder obriga Assumpção a seguir todas as leis norte-americanas e do país onde opera -no caso, o Brasil.
Ainda assim, a Raytheon pode ser processada com base na lei contra corrupção no exterior, que prevê punições para empresas dos EUA que direta ou indiretamente subornem autoridades de outros países.
Allen afirma não querer "especular sobre o futuro", mas diz "permanecer otimista" sobre a possibilidade de a Raytheon continuar encarregada da construção do sistema de vigilância.
Cientistas
A Folha apurou que a comunidade científica norte-americana confia no projeto da Raytheon e acha difícil que a empresa tenha se envolvido em suborno, devido ao rigor que a lei contra corrupção no exterior impõe a seus transgressores.
A vitória da Raytheon na concorrência do Sivam ocorreu após mensagem pessoal do presidente Bill Clinton ao então presidente Itamar Franco em favor da empresa norte-americana.
No início deste ano, o jornal "The New York Times", o mais influente do país, afirmou que a central de inteligência do governo dos EUA (CIA) também ajudou a Raytheon a obter o contrato.

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