São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Violência da PM derruba secretário no MA

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O secretário da Segurança Pública do Maranhão, Celso Seixas, deixou o cargo ontem. Ele havia declarado que a operação policial em que três assaltantes foram espancados por PMs na última sexta-feira em frente às câmaras da TV fora "normal".
A governadora Roseana Sarney (PFL) exonerou o secretário e divulgou uma nota à tarde afirmando que "o governo do Estado não aceita o combate à violência com violência".
Roseana afirmou que "o Estado se mantém intransigente na luta contra o banditismo, mas não admite o uso, pelos órgãos da Segurança Pública, de arbitrariedades como as documentadas pela TV na captura de assaltantes pela PM".
A governadora informou que foi aberta uma sindicância para apurar a responsabilidade dos envolvidos e prometeu "rigorosa punição" para os culpados.
A Agência Folha não conseguiu localizar Seixas ontem. No seu gabinete a informação foi de que ele estava em diligência em São José de Ribamar (31 km de São Luís).
Ali, houve um assalto a uma agência do Banco do Brasil que resultou na morte de um PM.
Em entrevista pela manhã a uma TV local, Seixas negou que tivesse comandado os atos de violência contra os assaltantes e disse que "tentou impedir" que eles fossem linchados por populares.
Nas imagens divulgadas pela Rede Globo, Seixas tentava impedir a gravação das agressões dos policiais contra a cabeça e as costas dos assaltantes, que estavam dominados e algemados.
O Ministério Público do Maranhão instaurou um processo investigatório para apurar os "excessos" cometidos pelos PMs.
O procurador-geral de Justiça, Jamil de Miranda Gedeon Neto, 35, afirmou ontem que os policiais "exageraram". "As imagens de TV deixam bem claro que houve excesso, que deve ser coibido."
Os assaltantes foram ouvidos ontem pelos promotores de Justiça Raimundo Nonato Carvalho e José Henrique Marques Moreira. O preso Lucivaldo Costa foi hospitalizado devido aos ferimentos na cabeça e voltou à delegacia anteontem.
O Ministério Público solicitou exame de corpo de delito. Segundo o procurador-geral, a investigação termina em 30 dias e pode resultar em ação penal por abuso de autoridade e lesões corporais.

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