São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Correntistas vão 'conferir' saldos

Clientes optam por ir a agências

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antigos correntistas do Nacional, que desde sábado foram incorporados pelo Unibanco, não deixaram de "dar uma passadinha" ontem nas agências.
Apesar de o governo ter frisado que os correntistas não seriam prejudicados com a fusão dos bancos, boa parte dos clientes preferiu conferir pessoalmente o saldo.
Houve inclusive quem decidiu resgatar aplicações e encerrar a conta.
Ontem, a pesquisadora Clarice Srougi, 46, por exemplo, foi logo cedo à antiga agência do Nacional na Praça Panamericana (zona oeste), para resgatar R$ 30 mil.
O dinheiro estava aplicado em fundos de commodities, renda fixa e no fundo de investimento financeiro do antigo Nacional.
"Vou colocar as minhas economias no Citibank, um banco americano. Não sei qual vai ser o próximo banco brasileiro que vai passar por isso. Não quero ter novamente o mesmo trabalho de hoje", afirmou Clarice, que deixou apenas R$ 10 na conta corrente.
Para ela, o Unibanco, que acaba de comprar o Nacional, não lhe diz nada. "É mais um banco."
Já o Nacional, que tinha como garoto-propaganda o piloto Airton Senna, morto em 94, lhe parecia ser uma instituição mais simpática.
Também o administrador de empresas aposentado, José Silva Capello, 65, não demonstra entusiasmo quando trata do Unibanco. "Tenho confiança em termos", disse ele.
Há oito anos correntista do Nacional, ontem pela manhã, ele praticamente tinha decidido encerrar a sua conta e também a da filha.
É que, há algum tempo, ele não está satisfeito com os serviços prestados pelo Nacional e a venda acabou apressando essa decisão.
Ele, que já tem conta no Itaú e no Bradesco, disse que agora prefere ficar com esse dois bancos, os maiores, na sua avaliação.
Já a gerente comercial Marli Opice, 32, correntista da antiga agência do Nacional da Paulista, quer ver primeiro como as coisas andam sob a nova administração, antes de tomar qualquer decisão.
Ontem, Marli passou no banco só para checar o saldo. Suas aplicações somam R$ 15 mil. "Por enquanto vou esperar para ver o que vai acontecer."
Mas, de antemão, ela disse que não tem boas recordações do Unibanco. "Já fui correntista do Unibanco. Encerrei a conta porque não gostei do atendimento . Além disso, eles cobravam muitas taxas pelos serviços", afirmou.
Ovídio Narésse, 43, orçamentista, é outro que foi ontem à agência do Nacional da Lapa (zona oeste), só para verificar o saldo.
Ele tem R$ 500 depositados na caderneta de poupança, da época em que o seu salário era creditado no Nacional.
Narésse disse que, por enquanto, não vai fechar a conta, mas não pretende fazer novos depósitos.

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