São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Ex-secretário diz ser treinado para violência

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Exonerado do cargo de secretário da Segurança Pública do Maranhão, o coronel Celso Seixas, 53, afirmou ontem que é preciso entender a violência policial contra os três assaltantes de banco presos em São Luís na última sexta-feira.
As cenas de violência contra os ladrões, algemados, foram mostradas pela Rede Globo. Seixas aparece tentando impedir a gravação.
Para Seixas, os policiais agiram motivados pela "emoção do momento". "Não vamos ser hipócritas", disse. "Sou treinado para o exercício cívico da violência." A seguir, trechos da entrevista.

Agência Folha - Qual foi a sua participação na ação policial?
Celso Seixas - O que ficará gravado será o que a Rede Globo exibiu. Qualquer um que se disponha a fazer uma investigação séria vai ver que só cheguei lá depois que todos já estavam presos.
Agência Folha - Por que o senhor tapou a lente da câmera?
Seixas - Somos treinados pela formação militar a manter o "low profile" (discrição). Quis impedir que quem batia nos assaltantes fosse identificado pelos bandidos. E não queria que um episódio pequeno manchasse a polícia.
Agência Folha - O senhor considerou a ação 'normal'?
Seixas - A parte que presenciei foi normal. A operação teve êxito. Não vi violência.
Agência Folha - E quando viu que eles foram espancados?
Seixas - Depois, na TV, vi o espancamento no barco. É absurdo e o responsável será punido.
Agência Folha - Os soldados são despreparados?
Seixas - É despreparo, mas temos que entender. Não estamos na Suíça. O soldado que bateu no assaltante entrou na lagoa levando tiro. Há muita emoção.
Não vamos ser hipócritas. Paladinos de plantão dirão que é absurdo, mas viram só um fato. Quem nunca se revoltou por sofrer violência que atire a primeira pedra. Sou treinado para o exercício cívico da violência, que é necessária para cumprir uma missão. Quando o elemento está preso, é covardia.
Agência Folha - Por que o senhor pediu demissão?
Seixas - Não há quem aguente três dias de "Jornal Nacional" e um dia de "Fantástico" mostrando aquelas cenas. Fomos apontados como violadores contumazes dos direitos humanos.

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