São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rombo do Nacional pode ser de R$ 10 bi

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O rombo do extinto Banco Nacional pode ultrapassar R$ 6 bilhões e chegar até mesmo a R$ 10 bilhões.
Isso porque, nos cálculos feitos até agora e que somaram algo em torno de R$ 4 bilhões, só entraram os empréstimos ao Nacional do mercado interbancário.
A avaliação é do professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo), Joe Yoshino.
Segundo Yoshino, que também é pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) especializado no sistema financeiro, "o BC ainda não calculou o prejuízo relativo aos créditos de liquidação".
Custos
No caso, créditos de liquidação são os empréstimos do Nacional para empresas e pessoas físicas, atrasados em mais de três meses.
O Unibanco não ficou com esses créditos de liquidação porque, diz Yoshino, "não teria condições de arcar com os custos".
"É preciso procurar cada um dos devedores para tentar renegociar esses créditos atrasados, e isso leva tempo", diz Yoshino.
O rombo calculado até agora em R$ 4 bilhões -do interbancário- veio principalmente do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, mas também de instituições financeiras privadas que se uniram para socorrer o Nacional.
Estratégia
O professor da USP considera correta a estratégia usada pelo BC de dar uma "solução de mercado" para o lado saudável do Nacional.
Segundo ele, essa estratégia segue o que foi feito no início do ano pelo governo Menem, quando uma crise de credibilidade atingiu o sistema financeiro argentino.
Pela lógica, o Banco Central brasileiro poderia criar um fundo fiduciário, como ocorreu na Argentina, com recursos do Banco Mundial e BID.
Esse fundo seria um mercado secundário para os créditos de liquidação, negociados com deságio.
Na Argentina, teve capital inicial de US$ 2 bilhões.
"O importante é que esse fundo tiraria o 'mico' das mãos do Tesouro e seria negociado pelo próprio mercado financeiro", diz o economista.
O fundo fiduciário também poderia ser usado no caso do Banco Econômico e no do Banespa, segundo o economista.

Texto Anterior: Atores obtêm liminar para reaver dinheiro
Próximo Texto: Minoritário pode ir à Justiça, diz a Abamec
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.