São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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B.B.King exibe sua majestade em aula de blues, humor e simpatia

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da idade e do calor amplificado pelos refletores, o guitarrista norte-americano B.B. King, 70 (completados no final de semana), não perde a majestade, nem o bom-humor. Anteontem à noite, exibiu o melhor do blues em mais de duas horas de espetáculo no Bourbon Street, em Moema.
Mestre dos guitarristas de blues, B.B. King se destaca pelo apurado senso melódico e por seu estilo de fraseados curtos e notas longas.
Curiosamente, não consegue tocar enquanto canta com sua voz roufenha. O máximo a que se permite é marcar o ritmo dando socos em uma das mãos.
Sua banda surge primeiro no palco, aquecendo a platéia durante duas músicas. B.B. é recebido de pé. Ataca com a acelerada "Let's the Good Times Roll", um número para ele exibir sua simpatia em caretas, brincadeiras com o público e trejeitos rebolantes.
Depois foi a vez de um clássico do blues, "Stormy Monday".
Com um repertório que se mantém praticamente inalterado há anos, o guitarrista toca seus principais sucessos. A platéia não quer nada além disso.
Seu lado mais pop aparece na divertida e dançante "We're Gonna Make It", blues imortalizado por Little Milton. Já sentindo o peso de seu corpanzil roliço nos 70 anos de idade, B.B. faz metade do show sentado em uma cadeira.
O bloco é dominado pelas baladas, "Ain't Nobody's Bizness", a chorosa "Nobody Loves Me But My Mother", "How Blues Can You Get", "Guess Who". São momentos em que ele passeia, lentamente, seus dedos grossos e enrugados pelo braço da guitarra.
O suingue volta com a antológica "Rock Me Baby", com o jogo de pergunta e resposta entre o guitarrista e a platéia.
No final, uma surpresa: ele chama o guitarrista Celso Blues Boy para o palco. Fazem dois inspirados improvisos, com direito a duelos, antes de fecharem a noite com "The Thrill Is Gone".
B.B. cobre de beijos Lucille -o apelido de sua guitarra- antes da tradicional entrega de palhetas e bottons para o público que se acotovela diante do palco.
Abandona o palco ao som de "Parabéns Pra Você". Uma retribuição da platéia pelo presente.

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