São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995 |
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Cagney faz gângster trágico
INÁCIO ARAUJO
Afinal, o gângster Arthur Cody Jarrett (James Cagney) faz tudo o que faz apenas para agradar a mãe. A mãe, por sua vez, é que o impulsiona ao crime e às atrocidades que pratica. Mas o que melhor se mostra, no furor com que se comporta Jarrett, ou em sua tendência compulsiva ao crime, é a influência de Shakespeare sobre Raoul Walsh, autor do filme. Cada ato de Jarrett, sobretudo os mais cruéis, parece dispensar interpretação. Existe neles um absoluto que evoca a tragédia, um desígnio que ultrapassa o mundo dos homens. É verdade que Freud não foi alheio à tragédia, bem pelo contrário. Mas não é menos verdade que o mundo trágico pode existir sem sua intervenção. É o domínio em que os homens submetem-se ao desígnio dos deuses. É mais provável que Walsh pensasse nisso ao realizar este que é um dos mais soberbos filmes de gângster da história. Texto Anterior: Fellini muda rumo do cinema com '8 1/2' Próximo Texto: La Fura volta a SP com dois espetáculos Índice |
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