São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Encontro discute formas de adaptar cidade a deficiente

MARCELO RUBENS PAIVA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Você sabia que o maior problema de um deficiente visual é dar de cara numa caixa do Correio?
Como fazer que as rampas para cadeira de rodas sejam funcionais? E qual o sistema de transporte público ideal para deficientes físicos?
Esses são temas que dominaram o primeiro dia do DEF'RIO 95, Encontro Internacional Sobre Portadores de Deficiência, realizado no hotel Intercontinental, São Conrado (Rio).
Numa das mesas mais concorridas, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Centro de Vida Independente local apresentaram o Projeto Rio Cidade, já considerado um projeto modelo em urbanismo.
O projeto começou com a gestão do prefeito César Maia (PSDB). A prioridade é desocupar as calçadas e diagnosticar a desordem urbana.
A partir de um concurso público, 17 escritórios de arquitetura foram contratados para encontrar soluções para cada bairro.
Com custo aproximado de US$ 200 milhões, o projeto transformou o Rio num pátio de obras. Mas o pedestre e o deficiente carioca já notam a diferença. Os postes de luz, que antes visavam os carros, foram abaixados, iluminando as calçadas. As praças estão sendo reurbanizadas. Espalham-se rampas para deficientes.
"Estamos criando uma vaga para deficientes em cada conjunto de estacionamento, orelhão adaptado em cada grupo de orelhões, sinal sonoro e piso definido para deficientes visuais", diz a arquiteta do CVI-RJ, Verônica Camisão.
Curitiba
Cidade que sempre apresenta soluções criativas para seus problemas, Curitiba (PR) presta um serviço de Primeiro Mundo aos deficientes físicos. Sua Rede Integrada de Transporte (RIT) favorece a integração dos portadores de deficiência.
As paradas dos "ligeirinhos", as estações tubos, têm elevadores e rampas para deficientes. Por onde esse tipo de ônibus não passa, quatro linhas com veículos com elevadores completam o sistema.
Perto de 30 linhas de ônibus escolares adaptados recolhem diariamente mais de 3.000 crianças deficientes para as escolas especiais. Cada criança paga o equivalente a R$ 10 por mês; para famílias carentes, o transporte é gratuito.
Complementando, uma rede de Kombi-táxi com elevadores desloca-se a preços subsidiados.
A política de atendimento é coordenada pelos próprios deficientes, por intermédio da Assessoria Especial de Apoio à Pessoa Portadora de Deficiência, subordinada ao gabinete do prefeito.
Equipamentos
A atração especial da DEF'RIO 95 é a feira de produtos importados e nacionais para os deficientes. Tem de tudo, de bolas terapêuticas para correção postural e ginástica às mais sofisticadas cadeiras de rodas.
Isso tudo é resultado do fim da restrição à importação e da criatividade dos inventores brasileiros, que descobriram um mercado promissor (a ONU considera que 10% da população brasileira tem algum tipo de deficiência).
No caso de cadeiras motorizadas, a Freedom criou uma compatível com a buraqueira das calçadas. Custando três vezes menos que as importadas, foi desenhada por dois sócios que tinham parentes com esclerose múltipla.
Outra novidade é o Voxtable, de patente brasileira, uma prancheta vocálica para crianças com problemas de comunicação.
A exposição fica no saguão do hotel até o fim dos eventos, domingo, dia 26.

Texto Anterior: Associações de São Paulo e MG ganham prêmios
Próximo Texto: Campanha de Natal arrecada brinquedos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.