São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Pedro Malan defende a atuação do BC

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, respondeu ontem às críticas de que o Banco Central não foi capaz de identificar com antecedência a crise do sistema financeiro e que aprovou balanços de instituições às vésperas de sofrerem intervenção.
Segundo Malan, o Banco Central não aprova balanço de banco. Os balanços, segundo ele, são aprovados por auditores independentes, que assinam as demonstrações financeiras assegurando que elas espelham o estado patrimonial e de liquidez das instituições.
O ministro disse que, até a aprovação da medida provisória sobre as fusões dos bancos, o BC não tinha amparo legal para obrigar as instituições bancárias a tomarem medidas corretivas.
Segundo ele, várias vezes o Banco Central chamou acionistas controladores de bancos para alertar que o patrimônio líquido e os ativos de suas instituições eram menores do que figuravam nos balanços.
Nessas ocasiões, segundo ele, a direção do Banco Central sugeria medidas de correção, como aumento de capital e mudança societária, mas não tinha poder de impor as medidas. "O BC podia fazer recomendações, que o acionista controlador seguia ou não", afirmou.
Segundo o ministro, enquanto o Banco Central não teve amparo legal para determinar fusões e venda de ativos, foi acusado de tomar decisões açodadas ou de agir tarde demais.
Ontem, durante seminário sobre as perspectivas da economia brasileira para 1996, em São Paulo, Malan assistiu a um depoimento gravado do ex-ministro Mário Henrique Simonsen, onde ele criticou o desempenho da fiscalização do Banco Central.
Segundo Simonsen, os depositantes não podem saber como está a situação financeira dos bancos e delegam esta responsabilidade ao Banco Central.
O BC, segundo Simonsen, aprovou balanços brilhantes de instituições que dias depois foram liquidadas. "Bancos não falem por morte súbita", afirmou Simonsen.
Pedro Malan disse que o governo não tem como prever o volume de dinheiro que será colocado no Programa de Apoio à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro (Proer), para financiar a fusão de bancos.
Ele disse que o processo de reestruturação está apenas começando e vai se estender ao longo dos próximos anos. Qualquer previsão será "chute", disse ele.
O ministro afirmou que não é possível quantificar nem mesmo o financiamento a ser envolvido na compra do Nacional, porque o balanço da instituição referente à data da intervenção (17 de novembro) ainda está sendo levantado.

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