São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Disputa provoca redução de margens de lucro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas grandes indústrias de alimentos cortaram margens de lucro neste ano. É que a concorrência acirrada entre elas e com os importados acabou impossibilitando o repasse de aumentos de custos para os preços.
Além disso, os supermercados estão trabalhando muito mais fortemente com promoções e, para isso, contam com a parceria da indústria.
Virgílio de Sousa Andrade, diretor da Arisco, diz que as margens de lucro da empresa diminuíram de 15% a 20% desde a entrada do Real até agora.
"Nem todos os insumos ficaram com preços estáveis. Para não perder venda, nós diminuímos o lucro", afirma.
A Lacta é outra que não conseguiu repassar integralmente os aumentos de custos. "As margens caíram neste ano", diz Alais Valentini Fonseca, gerente de grupo de produtos, sem citar números.
O último aumento na lista de preços da empresa, diz ela, foi em maio, de 2,7%.
Para proteger as margens, a Ceval buscou ganhar produtividade.
A empresa aumentou de 8.500 para 12,5 mil o número de empregados, com a compra de novas unidades de frangos e suínos.
"Assim, o volume de vendas cresceu 62% e o faturamento 91,7% de janeiro a outubro deste ano, na comparação com igual período do ano passado. Conseguimos proteger o lucro ", diz Sérgio Waldrich, diretor da divisão Seara da Ceval.
Denis Ribeiro, economista da Abia, que reúne as indústrias de alimentos, diz que o aperto nas margens de lucro das empresas é resultado de mudanças na política de compra dos supermercados.
"Os supermercados criaram mecanismos para financiar o consumidor. Eles têm que ter preço barato, fazer promoção, enfim, ser competitivos. Esse compromisso inviabiliza aumentos de preços e puxa as margens de lucro para baixo."

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