São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Botafogo-SP chama seu camisa dez de 'inapto'

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O meia Paulo César, provável camisa 10 do Botafogo no Campeonato Paulista de 1996, foi qualificado de "inapto para a prática desportiva" por dois ex-dirigentes do clube numa ação movida por eles e pelo presidente do Botafogo, Laerte Alves.
Na ação, Alves diz que o jogador não teve "vontade" de atuar pela "esquadra botafoguense".
Paulo César e o lateral Jorge Raulli foram comprados pelo Botafogo ao Marília em novembro de 94. Como o Marília devia ao empresário Fausto Jorge, ele se tornou o credor.
Em abril, o clube atrasou os pagamentos. Para obter dinheiro, Jorge foi à Justiça, que penhorou a renda de um Botafogo x Comercial, pelo Paulista da Série A-2.
Ele também pediu a penhora do patrimônio dos avalistas da dívida, entre eles, Nélson Giacomini, na época vice-presidente de finanças, e Oswaldo Silva, vice jurídico.
Silva, Giacomini e Alves entraram com ação para impedir a penhora. Alves e o Botafogo foram representados por Antonio Carlos Machado Campos Aguiar, e Giacomini e Silva, por Enéas Vallada Vianna, diretor de futebol na primeira gestão de Alves, encerrada há 15 dias.
Giacomini disse que Vianna redigiu a argumentação sem o consultar. "Isso era o que eu pensava em abril. Quando ele escreveu, não voltou a me perguntar."
A Folha procurou Alves e Silva, não os encontrou, deixou recado, mas não obteve retorno.
Aguiar disse que só escreveu o que lhe foi relatado.
Vianna disse que o texto era a "verdade dos fatos na época". Ele diz que Paulo César atuou só em meio jogo e que se desentendeu com Jair Picerni, o segundo dos três técnicos do time neste ano.
Após o fato, o jogador foi afastado pelo clube. Viajou a Marília e São Luís (MA, sua cidade natal). "O Botafogo até suspendeu seu contrato na FPF", disse Vianna.
Alves, Giacomini e Silva disseram na Justiça que Paulo César abandonou o Botafogo. O texto de Silva e Giacomini diz até que o clube foi "vítima de um engodo".
Paulo César surpreendeu-se com a existência dessa ação. "Quero ter uma conversa com o Laerte."
O meia também ficou surpreso com a data dos documentos: 19 de outubro, uma semana antes de sua volta ao Botafogo.
"Quando voltei, já tinha feito um acordo com o Laerte, pelo telefone, lá em São Luís."
Renê Carlos Abbad, diretor de futebol e ex-presidente do conselho, disse que as afirmações foram um "artifício jurídico".
Acrescentou que o meia (ex-São Paulo), deve ser inscrito no Paulista com a camisa 10. "Estamos muito satisfeitos com ele."

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