São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Oliver Stone homenageia Nixon em filme

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um ano e oito meses depois de sua morte, Richard Milhous Nixon continua atraindo o ódio e a admiração dos norte-americanos.
Em dezembro, dois filmes biográficos do 37º presidente dos EUA e o único a ter renunciado ao cargo, serão lançados. Um deles, do sempre sensacionalista Oliver Stone, de "Platoon" e "JFK".
Em Nova York, a peça "Nixon's Nixon", de Russel Lees, voltou a entrar em cartaz no Teatro MCC, a pedido do público.
O selo com a sua efígie é um dos grandes sucessos filatélicos do ano. Seus inimigos o usam junto com um envelope especialmente concebido, em que um desenho de grades de prisão aparece no canto direito superior com um espaço em branco para ali ser encaixado o rosto do homenageado.
Vietnã
No dia 10, na rede de TV por cabo TNT estréia sua produção "Kissinger e Nixon", com Ron Silver, no papel do ex-secretário de Estado, e Beau Bridges, no do presidente. O enredo se concentra na conturbada relação entre os dois, com ênfase no período das negociações para a paz no Vietnã.
Mas a grande espera é por "Nixon", a superprodução (US$ 42 milhões) de Stone, com Anthony Hopkins no papel-título e um elenco invejável de coadjuvantes: James Woods (H. R. Haldeman), Paul Sorvino (Kissinger), Bos Haskins (J. Edgar Hoover) e Joan Allen (Pat Nixon).
O filme ainda está em fase de pós-produção. Mas quem teve acesso ao script se surpreende com o retrato simpático que nele é feito de Nixon.
Stone, que lutou no Vietnã, fez uma amarga trilogia sobre a guerra e sempre dirigiu filmes considerados esquerdistas, diz ter explorado mais a dimensão "trágica" de Nixon do que seu papel política.
Hopkins, talvez o melhor ator de cinema vivo, disse ter imposto como condição para participar do projeto que o perfil de Nixon fosse justo. "Ele era um ser humano. Eu não diria isso de Hitler ou Stálin."
Sotaque
Não foi fácil convencer o galês Hopkins a interpretar Nixon. Ele argumentou, talvez com razão pelo que se pode ver no trailer, que sua voz e seu sotaque em nada combinam com os do presidente.
Mas, com certeza, Hopkins, que diz ter encontrado em seu personagem "uma pessoa triste e solitária", deve ter-se saído melhor do que o trailer permite antever.
Stone diz que "Nixon simboliza muito do século 20 norte-americano: cresceu durante a Depressão, foi para a Segunda Guerra Mundial, participou ativamente da Guerra Fria e da Guerra do Vietnã. É para os Estados Unidos o que Churchill foi para a Inglaterra".
Depois de ter servido de tema para outros filmes (de "Todos os Homens do Presidente", de Alan Pakula, a "Honra Secreta", de Robert Altman), várias peças de teatro e uma ópera, Nixon pode ter encontrado em um adversário em vida, Stone, o autor do grande épico em sua homenagem.

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