São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Afeto foi marca presente na obra

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Para Louis Malle, nenhuma verdade era completa se não passasse pelo afeto.
Foi isso que lhe permitiu olhar os colaboracionistas franceses da Segunda Guerra sem piedade, mas com generosidade, em "Lacombe Lucien", talvez seu melhor filme.
Isso lhe permitiu mostrar, sem qualquer demagogia, mas com autêntico sentimento, uma história atroz de sua infância, em "Adeus Meninos", quando alguns de seus amigos de escola, foram levados pelos nazistas.
O mesmo calor com que filmou um bordel de Nova Orleans no começo do século, em "Pretty Baby", animou seus primeiros filmes, de "Os Amantes" a "Trinta Anos Esta Noite".
Talvez Malle tenha sido o menos cinéfilo e o menos cerebral dos cineastas franceses da geração da Nouvelle Vague. Isto o aproximou dos EUA, onde filmou regularmente desde o fim dos anos 70. Tinha um sentido físico da imagem, a percepção instintiva do cinema, sem mediações.
Foi um dos cineastas marcantes de seu tempo. Foi também um dos mais dotados de humor. É a terceira grande perda da Nouvelle Vague, depois de François Truffaut e Jacques Demy.

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