São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Nebulosidade

Recessão ou não, eis a questão. O desemprego cresce, mas cresce cada vez menos. As vendas, em vários setores, já não exibem o vigor do ano passado, mas há importantes sinais de vida no varejo.
Os indicadores de atividade econômica continuam dando munição tanto para os que temem pelo pior quanto para os que insistem em acreditar que o pior já passou.
As vendas nos supermercados caíram 5,57% em outubro, último mês para o qual há dados disponíveis. A queda, entretanto, é medida com relação a setembro. Comparando-se com outubro do ano passado, as vendas cresceram 1,41%. As vendas acumuladas pelo setor em 1995 superam em 21% as do mesmo período do ano anterior.
O arrocho no crédito ao longo do ano foi inegável. Os índices de inadimplência bateram recordes, mas já começaram a declinar.
Vários indicadores mostram que o desemprego afeta setores importantes da economia. Só nas fiações, tecelagens e malharias o número de demitidos ultrapassa 100 mil desde o início do ano. É um dos setores mais atingidos pelo aumento de importações.
Entretanto, o índice de toneladas faturadas na indústria de embalagens plásticas aumentou 7,6% no mês passado, frente a setembro, e o nível de emprego manteve-se estável nesse segmento que é importante fornecedor de um insumo, as embalagens, cuja produção está associada ao consumo de bens finais.
Finalmente, se o foco deslocar-se para um importante setor importador, o de automóveis, as informações disponíveis indicam que os estoques deverão esgotar-se até meados de dezembro.
Os dados variam, portanto, de setor a setor, mas talvez estejam surgindo prenúncios de um cenário de crescimento econômico moderado nos próximos meses, moderadíssimo até, não de recessão.
Entretanto, enquanto os dados forem assim desencontrados, o espírito mais geral será ainda o de uma incômoda nebulosidade, em que mesmo sem uma recessão generalizada a atividade aproxima-se perigosamente da apatia.

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