São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Uma pessoa morre a cada 3 horas na cidade

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Diante da média diária de oito homicídios na cidade -uma morte a cada três horas-, a violência no Rio já é tratada como um problema de saúde pública, e não só de segurança. Pesquisa feita este ano pela Secretaria Municipal de Saúde mostra que, no primeiro semestre, houve 5.365 mortes por causas não-naturais, como homicídios, acidentes de trânsito e suicídios.
Destas mortes, 1.555 foram homicídios e 186, acidentes de trânsito. Este nível de violência atinge basicamente os mais jovens.
Outras pesquisas também indicam o aumento da violência. Um dos principais hospitais públicos da cidade, o Miguel Couto, na zona sul, registra um aumento do volume de pacientes atingidos por armas de fogo nos últimos dez anos.
Enquanto em 1985 foram atendidos 80 pacientes, em 90 este número chegou a 291 -e não parou de crescer. Em 1994, foram 491 pacientes, e 265 só no primeiro semestre deste ano.
A maior parte dos agredidos (cerca de 80%) é do sexo masculino. A pesquisa registra também um aumento das agressões armadas a jovens entre 5 e 19 anos.
O diretor da Divisão Médica do hospital, Edison Paixão, avalia que os jovens são mais atingidos por fazer parte de uma faixa da população que "circula mais".
Em 94, dos 491 pacientes atingidos por armas de fogo, 29 morreram. No primeiro semestre de 95, dos 265 pacientes, 27 morreram.
Os registros do Miguel Couto dão uma boa visão do aumento da violência: 24% dos pacientes são procedentes de 30 bairros fora da zona sul e de sete municípios vizinhos ao Rio. Na zona sul, Copacabana lidera os casos, com 19%.
Dados da Secretaria de Segurança também mostram o aumento geral da violência: os homicídios cresceram 10,4% (6.012 casos de janeiro a agosto deste ano, contra 5.446 no mesmo período de 94).
Os dados apontam um aumento de 22,8% dos sequestros: de janeiro a outubro de 95, houve 88 sequestros, contra 70 no mesmo período de 94.

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