São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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180 mil bancários vão perder vaga em 5 anos

Estimativa é de Berzoini, do sindicato em São Paulo

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 180 mil bancários do total de 580 mil existentes hoje vão perder o emprego nos próximos cinco anos, estima o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini.
As fusões e incorporações, a automação bancária e a própria terceirização, ainda não concluída em muitas instituições financeiras, tornam o processo inevitável caso não haja disposição política para barrá-lo, acredita Berzoini.
Este ano, até outubro, já houve redução de 50.160 empregos no setor financeiro (inclui seguradoras, corretoras etc), segundo dados do Ministério do Trabalho.
Para Berzoini, a principal causa para as demissões, mesmo após o Proer -que estimula fusões no setor bancário-, continuará sendo a automação. "As novas tecnologias tornam desnecessárias funções em todos as áreas dos bancos."
Ele cita como exemplo uma agência-padrão do Bradesco, que há dez anos possuía 200 funcionários, sendo cerca de 60 caixas e 60 escriturários. Hoje, a mesma agência-padrão possuiu de 60 a 80 funcionários, sendo 35 caixas e, no máximo, dez escriturários.
"Há agências onde a função do escriturário, que processava papéis e separava cheques vindos do caixa, simplesmente desapareceu. Tudo é feito nos computadores."
As fusões e incorporações, apesar de resultarem em enxugamento em áreas como marketing, processamento de dados e administrativa, geralmente mantêm os funcionários nas agências, diz.
Para ele, a "política recessiva do governo" e as tentativas de "precarizar as relações de trabalho" agravam o desemprego.
Para tentar mudar esse quadro, Berzoini vai propor à CUT uma campanha nacional cujo principal eixo seria a redução da jornada de trabalho, no caso dos bancários de 30 para 25 horas semanais.

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