São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Um encontro político casual e o apoio irrestrito a Pelé

TELÊ SANTANA

Na última terça-feira, viajei de Belo Horizonte para Brasília, onde faria conexão para Belém, pois o São Paulo jogaria contra o Paysandu.
No avião, ao meu lado, sentou-se uma senhora, bem vestida, que, logo no início da conversa, acabei sabendo que se tratava de uma deputada federal pelo Estado de Minas Gerais -Maria Elvira (PMDB).
Nestes vôos, nas terças-feiras, sempre viajam muitos políticos, que começarão a semana de trabalho.
Ao decolar, tive a oportunidade de iniciar uma prosa com a minha companheira de poltrona e perguntei, por sentir que se tratava de alguém importante, se ela era deputada.
Respondeu-me que sim. Perguntei, então, se ela estava sempre em contato com o povo. Respondeu-me que sempre conversava com seu eleitorado.
Enfim, perguntei o que ela achava das declarações do Pelé, criticando os políticos em geral. Respondeu-me que as considerou infelizes.
Eu disse que não concordava com sua resposta, já que Pelé havia dito o que 90% do povo brasileiro pensa sobre a maioria dos nossos políticos.
O comportamento da maioria deles nos leva a acreditar que o Brasil está nas mãos de maus representantes, alguns corruptos, outros aproveitadores.
Citei exemplos de políticos, em quem votei na última eleições e não votarei mais.
Já que o candidato que escolhi aceitou aquela indecência, acobertando o senador Humberto Lucena (PMDB-PB) e não tomou decisões que beneficiassem o povo.
Também me decepcionei com o deputado Inocêncio de Oliveira (PFL-PE).
Construiu poços artesianos nas suas fazendas com o dinheiro do povo e recebeu de presente uma passagem para Nova York, com diárias de US$ 300,00. Eles ainda reclamam que ganham pouco. O Brasil precisa mudar.
Quero deixar claro que não tenho intenção e nem partido político. Acredito nas pessoas e nos seus propósitos.
Foi uma conversa boa com a deputada Maria Elvira. Ela expôs algumas de suas intenções e eu disse que as apoiaria, se fossem sinceras. Pena que chegamos a Brasília e tivemos que encerrar a prosa.
Me senti aliviado com o desabafo que fiz. Procurei levar a ela o que, tenho certeza, milhões de brasileiros gostariam de falar, mas não têm chance.
Não Pelé, não recue. Precisamos de alguém que seja porta-voz da população. Ninguém melhor que você para defender este povo desprotegido.
Siga em frente Pelé. O povo estará sempre com você.

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