São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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um bailarino no Planejamento

Cosette Alves

COSETTE ALVES
MUITO ASSIM.

O ministro José Serra continua fazendo "microexílios". Fica sozinho horas à noite, o que complementa sua vida pública e social.
O que ele denomina "microexílio é o filtro que limpa todas as informações do dia-a-dia. É também o momento de ler, escrever, assistir um filme. Ou até encontrar pessoas, "mas sem trocar idéias sobre política e economia".
Para José Serra, o óbvio não corre o risco de desaparecer pelo trabalho excessivo, pois ele não abre mão do tempo para pensar.
Mídia
José Serra acha que, na mídia, o rádio é o mais poderoso canal de comunicação, do ponto de vista popular. Acha também que este é pautado pelos jornais. O problema da imprensa é que ela se acostumou ao padrão de notícias dos anos 80 e começo dos 90 -na sua opinião, anos "muito chacoalhados": a redemocratização, morte de Tancredo, Plano Cruzado, Constituinte, o fracasso de vários outros planos com congelamento de preços, a eleição de Collor, a destituição de Collor, a CPI do Orçamento. Tudo isso com uma mistura bastante agitada entre a vida pessoal, a vida privada e a vida pública, especialmente na fase Collor.
Apesar da decadência dos atos sensacionais, este espetacularismo noticioso marca até hoje a atuação da imprensa. "Além disso, tende a ficar presa por dois critérios. Primeiro, é althusseriana. Luis Althusser pretendeu rever o marxismo pelo que Marx não disse. A imprensa gosta de fazer isso. Analisar ou interpretar com base no que não foi dito. Segundo, é o culto do deslize, exagerado até o tédio. O que vale é a falha, mesmo pequena, o tropeço, a possível contradição, divergência ou briga. Isso a leva a superestimar os problemas, quando não os imagina".
Apesar disso tudo, acha que a imprensa tem um papel positivo, de levantar e cobrar. José Serra prefere uma imprensa agitada e inquieta a

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