São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Ourinhos reúne cantigas de roda em livro e fita

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O Departamento de Educação de Ourinhos (371 km a oeste de São Paulo) reuniu num livro e numa fita cassete 40 cantigas de roda (canto popular brasileiro).
O trabalho de resgate das cantigas passou a fazer parte, como matéria extracurricular e sem obrigatoriedade, das escolas de 1º grau públicas e particulares da cidade.
O diretor municipal de Educação, professor de história Domingos Perino Neto, 55, disse que 120 professoras da rede municipal ajudaram no projeto "Cantiga de Roda", iniciado em 1993.
"A maioria das cantigas já estava esquecida pelas novas gerações", afirmou.
Segundo ele, a prefeitura investiu menos de R$ 2.000 no trabalho. O maior custo -R$ 900,00- foi a gravação de uma fita cassete com as cantigas, no estúdio Mac Rybell, de Assis (SP).
A fita foi gravada por Márcia Fonseca Souza Reis, que toca piano, e Sandra Regina Andrade, que canta. A fita tem qualidade técnica profissional.
Neto disse que, nos últimos anos, "por causa da influência da TV", as crianças deixaram de aprender as cantigas de roda.
"Hoje, no geral, as crianças conhecem bem as músicas da Xuxa, mas nem sabem o que é uma cantiga de roda. A importância desse resgate é muito grande."
Além da transcrição das letras das músicas, o livro traz também a coreografia que ensina como a cantiga deve ser apresentada, seguindo as tradições culturais.
A cantiga "Ciranda, Cirandinha", uma das mais conhecidas, exige, de acordo com as orientações do livro, uma formação na qual as crianças ficam de mãos dadas, fazendo uma grande roda.
Seguindo as orientações do livro, as crianças devem cantar, girando a roda no sentido dos ponteiros do relógio, as três estrofes da melodia.
Logo após, uma criança canta solando o verso: "Lá em cima daquele morro/ tem um pé de abricó/ quem quiser casar comigo/ vai pedir pra minha avó".
Segundo Neto, as cantigas surgiram numa época em que as famílias costumavam se reunir nas varandas das casas ou terreiros dos quintais todas as noites e seus filhos brincavam cantando canções.
O Departamento de Educação da cidade distribuiu mais de mil livretos e 300 fitas cassetes para as escolas municipais, estaduais e particulares.
Segundo Neto, várias cidades da região se interessaram no projeto e também requisitaram as fitas.
Ele disse que está tentando que as emissoras de rádio de Ourinhos passem a executar as cantigas durante sua programação, como forma de difundir o trabalho.

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