São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Fitas foram desgravadas, afirma Jobim

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apagou as fitas originais em que foram gravadas as conversas do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, que levantaram suspeitas de corrupção no Sivam.
A informação foi dada ontem pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim, à supercomissão da Câmara que investiga as suspeitas de irregularidades no Sivam.
"As fitas originais foram desmagnetizadas", disse Jobim. O ministro fez a afirmação ao justificar o fato de que em 21 dias de gravações só há registro de 13 conversas. O ministro disse que houve uma edição dos diálogos e que ficaram de fora conversas consideradas "corriqueiras".
Jobim afirmou ser da PF a informação de que as fitas tinham sido desmagnetizadas e que não tinha como exigir uma prova disso.
Segundo ele, a escuta foi feita de 1º a 21 de setembro e somente entre os dias 12 e 13 a PF descobriu que o alvo era Júlio César Gomes do Santos.
Ele repetiu a versão da polícia de que não houve gravação de conversas do presidente Fernando Henrique Cardoso ou "grampeamento" dos telefones do Planalto.
No depoimento, Jobim reafirmou também a versão da PF de que a investigação que motivou o "grampo" do embaixador foi iniciada a partir de denúncias anônimas sobre tráfico de drogas.
Apesar da reação dos deputados diante dessa versão, o ministro disse que só a sindicância aberta na PF poderá apresentar uma prova em contrário.
O ministro se esquivou de responder as perguntas sobre a identidade do mandante do "grampo". Ele chegou a dizer que o responsável pela ordem da escuta foi o juiz da 2ª Vara de entorpecentes do DF, Irineu de Oliveira Filho, que autorizou o pedido da PF.
O ministro justificou o fato de só ter sabido do "grampo" no dia 13, por intermédio de FHC, com o argumento de que ele não tem ascendência funcional sobre a PF.
Jobim afirmou que a relação entre o ministro da Justiça e o diretor da PF é "meramente administrativa". Segundo ele, o ministro da Justiça não tem poder para mandar a PF fazer investigações, nem para suspendê-las.
"Não me senti atropelado nem desgastado. O diretor da PF não tem obrigação de dar ciência (de seus atos) ao ministro", disse. Hoje, o ministro fala na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara sobre a proposta para regulamentar a escuta telefônica.

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