São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995 |
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CRONOLOGIA DA CRISE 9.11 - Em audiência no Planalto, entre 17h30 e 18h30, Francisco Graziano entrega a FHC um relatório com o resumo das transcrições das escutas telefônicas feitas pelas PF na casa do embaixador Júlio César. Graziano disse a FHC que conseguiu o documento com os seus "amigos da Polícia Federal" FHC folheia o relatório, que não tem timbre da PF ou de qualquer outro órgão oficial. FHC tenta falar com o ministro Nelson Jobim (Justiça), que estava em Carazinho (RS). O presidente deixa recado, mas o ministro, por causa do mau funcionamento da telefonia rural, não consegue retornar a ligação para o Planalto 12.11 - Jobim volta a Brasília e combina encontrar-se com FHC no Planalto no dia seguinte 13.11 - FHC apresenta o relatório a Jobim em audiência, por volta das 18h30, com a presença de Clóvis Carvalho (Casa Civil). Jobim diz ao presidente que antes de tomar qualquer decisão quer ouvir o diretor da PF, Vicente Chelotti. Jobim recebe Chelotti em casa e pergunta se ele sabe da investigação e da escuta telefônica na casa de Júlio César. O diretor da PF responde: "É, eu sei de que se trata. Eu sei disso, e a escuta foi feita com autorização da Justiça". Chelotti argumenta, pela primeira vez, que a investigação tinha sido feita a partir de denúncias anônimas que envolviam o embaixador com o tráfico de drogas. Jobim liga para FHC e pede um encontro no Alvorada. Ele e Clóvis Carvalho reúnem-se na biblioteca do palácio. O ministro da Justiça narra a FHC a conversa com Chelotti 14.11 - FHC chama Júlio César e lhe apresenta uma cópia do relatório da PF com a escuta telefônica. FHC pede que ele responda por escrito às denúncias Jobim cobra novas explicações de Chelotti e ele diz não ter qualquer identificação das tais denúncias anônimas contra Júlio César 17.11 - Vaza a informação de que a revista "IstoÉ" tinha o relatório da PF e iria publicar uma reportagem sobre o assunto na edição de final de semana Júlio César apresenta o relatório a FHC, ainda manuscrito. FHC vai para o Alvorada e se reúne em separado com os ministros Luiz Felipe Lampreia (Itamaraty) e Jobim e o porta-voz, Sergio Amaral. Júlio César pede demissão Amaral, autorizado por FHC, diz que o presidente recebeu o relatório no dia 13, quando o correto é dia 9. Amaral diz que Nelson Jobim levou o relatório. Na realidade, o portador foi Francisco Graziano 19.11 - O ministro Mauro Gandra (Aeronáutica), citado nas conversas telefônicas de Júlio César com o comandante José Afonso Assumpção, dono da Líder Táxi Aéreo, pede demissão 21.11 - FHC pede que a PF explique, em 24 horas, todo o processo de investigação. Jobim aprofunda a investigação e descobre que o sócio do assessor de imprensa de Graziano (agora no Incra) foi quem forneceu as gravações para a "IstoÉ" 22.11 - O relatório apresentado pela PF é considerado inconsistente, e Jobim decide formular um questionário com 22 perguntas a Chelotti. O fotógrafo Mino Pedrosa diz que obteve as fitas de amigos da PF, as passou para a revista "IstoÉ" e só depois, no dia 14, para Augusto Fonseca, assessor de Graziano. Fonseca diz que repassou o relatório para Graziano no dia 14. Em conversa com jornalistas, Jobim narra a participação de Graziano, que reconhece ter entregue o documento a FHC no dia 9. O presidente do Incra mente ao negar seu envolvimento na escuta 23.11 - Jobim encaminha a Graziano um ofício pedindo que explique como ele conseguiu o relatório e quem são os "amigos da Polícia Federal" que ele afirma ter no órgão. 24.11 - FHC afirma que não demite Graziano sem que a escuta seja totalmente apurada 25.11 - A Polícia Federal confirma que Francisco Graziano encomendou a instalação da escuta. 27.11 - Francisco Graziano pede demissão, mas continua a negar responsabilidade pelo "grampo" Texto Anterior: Senadores peemedebistas defendem CPI do Sivam Próximo Texto: Planalto acha escuta superada Índice |
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