São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Sivam impõe silêncio a FHC

SILVANA DE FREITAS; CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
O presidente Fernando Henrique Cardoso fugiu ontem do assunto Sivam durante uma visita a Belo Horizonte, onde cumpriu uma agenda extensa de cinco compromissos. Evitou o assunto em quatro discursos e não concedeu entrevistas.
O único momento em que falou sobre o tema na cidade foi anteontem, de forma reservada, durante um jantar com o governador Eduardo Azeredo, o ex-governador Hélio Garcia e outras quatro autoridades.
Ele defendeu a execução do projeto Sivam e disse que há pessoas que criticam o programa sem conhecê-lo.
O governador Eduardo Azeredo (PSDB) disse que FHC só não deu entrevistas para não responder a perguntas sobre o Sivam.
"O presidente me disse que queria falar com a imprensa local, mas não falou porque sabia que as perguntas eram sempre sobre o Sivam".
Azeredo foi o responsável pela agenda do presidente ontem. Logo no primeiro compromisso, às 9h30, FHC comentou o ritmo acelerado do dia, ao encerrar discurso durante o 2º Encontro Nacional das Donas de casa e de Consumidores.
"Não quero me alongar porque, graças à energia do governador Azeredo, eu tenho um programa muito amplo hoje". No evento seguinte -assinatura de atos para conclusão das obras do metrô e informatização da Universidade Federal de Minas Gerais-, não conteve um discreto bocejo.
FHC almoçou com políticos locais no Palácio da Liberdade, reuniu-se com prefeitos que reivindicaram a liberação da 13ª parcela do Fundo de Participação dos Municípios e encerrou a programação com a inauguração da nova sede da Rede Minas de TV.
FHC enfrentou duas manifestações. Cerca de 50 servidores do setor de telefonia, apoiados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), fizeram um protesto por aumento salarial em frente ao prédio da Telemig, onde ocorreu a abertura do encontro das donas de casa e consumidores.
FHC deixou o local sob vaias, gritos e sons de apitos, mas não houve incidentes. A PM recolheu uma faixa com a frase: "Na corrupção é que Sivam os nossos reais".
Ele também enfrentou uma manifestação de 20 funcionários e ex-funcionários da empresa Mendes Júnior, que pressionam pelo pagamento de débito da União com a empresa para saneá-la.
Às 15h10, o presidente saiu do Belo Horizonte Othon Palace, onde se hospedou, diante de 500 pessoas que se aglomeraram no local. Houve aplausos e vaias.
Recusos
FHC reagiu ontem ao pedido de prefeitos de Minas Gerais para liberação da 13ª parcela do Fundo de Participação dos Municípios cobrando maior "esforço de arrecadação" de impostos municipais, como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).
Já no 2º Encontro Nacional de Donas de Casa e de Consumidores de Belo Horizonte, o presidente nego que o governo esteja favorecendo bancos que não se ajustaram à estabilização.
"No começo (do Plano Real), se dizia que não, se dizia que ia ser contra o trabalhador e a favor dos bancos. Eu não sei se hoje alguém pode dizer que os bancos estão favorecidos pelo Real. Pelo contrário, os bancos estão tendo que se ajustar duramente à nova realidade, na qual não podem ganhar às custas do povo", afirmou o presidente aos presentes.

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