São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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D. Paulo pede urgência para reforma agrária em discurso

DA REPORTAGEM LOCAL

O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, 74, pediu pressa para a reforma agrária no país em discurso ontem durante homenagem ao cinquentenário de sua ordenação como sacerdote. A homenagem aconteceu no Palácio dos Bandeirantes (zona sul de São Paulo), sede do governo paulista.
O cardeal-arcebispo completou ontem 50 anos de ordenação, dos quais 25 anos dedicados à Arquidiocese de São Paulo.
"Em toda parte o povo vai apontando para a idéia de que é preciso dividir essa terra e fazer uma reforma agrária justa", disse d. Paulo momentos antes de receber do governador Mário Covas (PSDB) a "Ordem do Ipiranga".
Segundo o cardeal, é preciso que os movimentos sociais e as autoridades dialoguem para encontrar rapidamente um caminho para a reforma agrária.
Em entrevista logo depois do ato, d. Paulo disse que o principal problema do país é a falta de trabalho, daí a necessidade da reforma agrária.
Desde setembro deste ano, o governo Mário Covas e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) negociam o assentamento de 2.100 famílias no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado).
Homenagem
Além de receber a condecoração do Estado, d. Paulo foi homenageado pela defesa dos direitos humanos por parentes de pessoas mortas durante o regime militar, entre elas Clarice Herzog, mulher do jornalista Wladimir Herzog, assassinado em dependências oficiais em 1975.
Participaram da homenagem representantes da Igreja Católica, a ex-prefeita Luiza Erundina, o presidente da Assembléia, Ricardo Tripoli (PSDB), secretários de Estado e prefeitos.
Sobre seu futuro, d. Paulo disse que, depois de se aposentar, pretende continuar trabalhando com excluídos, "principalmente os povos da rua e os que estão na terceira idade".

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