São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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'Chelottinho' liga delegado a 'vazamento'

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O agente federal Paulo Chelotti, 35, irmão do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Vicente Chelotti, disse ontem à Folha que o delegado Mário José de Oliveira Santos participou do episódio do vazamento da fita e do resumo das gravações feitas nos telefones do embaixador Julio César Gomes dos Santos.
Santos era chefe do CDO (Centro de Dados Operacionais) da PF e foi afastado do cargo quando a escuta telefônica tornou-se pública. Coube a ele, também, pedir a autorização judicial para colocar o grampo nos telefones.
Segundo Paulo Chelotti, conhecido na PF como "Chelottinho", Santos foi convencido pelo agente Cláudio Vieira Mendes, chefe do Setor de Segurança de Dignatários, a denunciar o caso ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sobre o assunto, o delegado afirmou que suas informações são sigilosas e que só poderá revelá-las à comissão de sindicância interna da PF. Cláudio Mendes também disse que seu esclarecimento sobre o caso será prestado à sindicância.
"Eu, ele e o Mário achamos que estávamos prestando um importante serviço ao presidente", disse Chelottinho.
"Cláudio disse a ele (Santos) que iria entregar a fita e o resumo das gravações a um assessor do presidente da República e só", afirmou. Chelottinho disse que o ex-chefe do CDO não sabia que ele assessorava o ex-presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Francisco Graziano.
"O delegado Mário concordou com Cláudio e achou que era importante que o presidente soubesse que o embaixador fazia acordos com empresários por telefone", disse ele.
Chelottinho negou que Graziano soubesse do grampo. "Eu mesmo não sabia. Só fiquei sabendo quando o Cláudio ficou sabendo da escuta feita pelo CDO e me ligou", disse ele.
O presidente da sindicância, delegado Galileu Pinheiro, deverá convidar na próxima semana Francisco Graziano e o fotógrafo Mino Pedrosa para depor na sindicância. Pedrosa afirmou ter revelado à revista "IstoÉ" as gravações.
Um delegado da PF informou que a versão contada nos depoimentos pelos policiais não é convincente. Segundo ele, Pinheiro quer saber quais os motivos que levaram Chelottinho, Mendes e Santos a planejar o vazamento da escuta.

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