São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários confirmam ter sofrido extorsão

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os empresários Valdomiro Garcia Júnior e Ricardo Steinfeld, donos do bingo Liberty, de São Paulo, confirmaram ontem na CPI dos Bingos que foram extorquidos em US$ 300 mil pelo deputado Marquinho Chedid (PSD-SP), membro dessa comissão.
O primeiro a depor foi Garcia. Segundo ele, a propina tinha dois objetivos. Um era facilitar seu depoimento na CPI. O segundo era manter seu bingo aberto.
Garcia disse ter pago a Chedid a a primeira parcela dos US$ 300 mil no último dia 10, após a primeira vez em que depôs na comissão. A segunda parcela seria entregue no final dos trabalhos da CPI.
O dinheiro foi dado ao advogado Francisco José Franco, intermediário de Chedid na negociação. Inicialmente o pedido foi de US$ 1 milhão. Houve negociação com o advogado para a redução.
A sessão da CPI foi tensa. Era visível a tentativa de alguns deputados em tentar intimidar Garcia.
Deputados ligados a Chedid se dirigiam ao empresário de forma desrespeitosa. Os mais exaltados eram Eurico Miranda (PPB-RJ) e Vicente André Gomes (PDT-PE). O mesmo tratamento se repetiu no depoimento de Steinfeld.
Ambos também estão envolvidos na denúncia de extorsão. Miranda praticamente não deixava Garcia falar. O pedetista se dirigia a ele com o dedo em riste, chamando-o de "corrupto".
Steinfeld disse que, após primeiro depoimento na CPI, em outubro, foi orientado por Miranda a procurar Chedid. Miranda ficou contrariado com a informação. Chamou Steinfeld de "bandido, marginal e cara-de-pau".
Chedid voltou a negar seu envolvimento na extorsão. Segundo ele, o objetivo dos donos de bingo é desmoralizar a CPI.

Texto Anterior: 'Chelottinho' liga delegado a 'vazamento'
Próximo Texto: Reforma agrária será mantida, diz Incra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.