São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995 |
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Economistas criticam o banco
DA REPORTAGEM LOCAL Os economistas ouvidos pela Folha criticaram ontem o fato de o Banco Central aceitar títulos "podres" como garantia no processo de fusão e compra de bancos."Se o banco quebra, os acionistas devem arcar com o prejuízo. Não temos porque socializar os prejuízos", afirma Álvaro Zini, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Para ele, o uso de títulos "podres" na operação é "moralmente condenável", além de ser "um subsídio, um tremendo favorzão para alguns privilegiados". Zini diz que, já que o governo decidiu aceitar moedas "podres" como garantia, devia, ao menos, discutir o valor do deságio. "Se hoje a moeda que vale R$ 1 é comprada por R$ 0,30, o banqueiro vai lucrar R$ 0,70. É uma diferença grande", diz. Para ele, o BC deveria, por exemplo, pagar R$ 0,50 pela moeda. "A conta vai acabar nas costas do Tesouro", afirma o economista e ex-deputado federal pelo PT Aloízio Mercadante. "Do ponto de vista de quem usa as moedas 'podres', é um ótimo negócio." Para Mercadante, a margem de ação do BC é pequena, mas na qualidade de "banco dos bancos" ele tem "obrigação" de intervir. O problema, segundo Mercadante, é que, da forma como o socorro está sendo feito, com a política econômica "presa numa armadilha", o resultado sobre o déficit fiscal será "desastroso". "O BC não conseguiu intervir quando deveria em função do poder de forças políticas." O economista Gil Pace, da GP Consultoria, disse que a medida é injusta com a sociedade. "O título foi criado pelo governo e a sociedade paga por ele. Na transação com os bancos, o BC aceita um valor de face que não equivale ao valor da moeda", diz. Texto Anterior: Entenda o que são moedas "podres" Próximo Texto: 'Dinheiro não é de graça' Índice |
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