São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Entenda o que são moedas "podres"

Termo abrange dívidas do governo

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro chama de moeda "podre" as dívidas de longo prazo do governo que não foram pagas na data.
São consideradas moedas "podres" dívidas diretas e indiretas do governo, como TDAs (Títulos da Dívida Agrária), debêntures da Siderbrás, letras hipotecárias da CEF (Caixa Econômica Federal), usadas para saldar dívidas do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais) aos bancos privados, certificados de privatização e outras dívidas.
No último dia 29, o estoque de moedas "podres" disponíveis para a privatização atingia R$ 8,7 bilhões. Esses títulos podem ser comprados no mercado secundário com deságio de até 50% sobre valor de face. Na privatização, valem 100%.
A dívida vencida do FCVS também é chamada de moeda "podre". Há entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões em atrasos do FCVS, dos quais de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões são devidos aos bancos privados, segundo a Abecip (associação do setor financeiro imobiliário).
Somando-se as moedas de privatização com o calote potencial do FCVS junto aos bancos privados, haveria títulos "podres" da ordem de R$ 31,6 bilhões, passíveis de uso pelos bancos quebrados no âmbito do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional).
Considerando-se que os bancos têm que apresentar garantias de 120% para saldar dívidas com moedas "podres" (para cada R$ 100 devidos ao BC, são necessários R$ 120 em títulos), esse estoque de "micos federais" poderia ser usado, no limite, para cobrir rombos da ordem de R$ 26,4 bilhões.
Como esses títulos têm deságio em torno de 50% no mercado secundário, os bancos poderiam lucrar até R$ 13,2 bilhões.
"É um negócio da China para os bancos quebrados. Mas quem leva o prejuízo não é o governo, e sim o credor inicial da dívida", explica o economista Alberto Borges Matias.

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