São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995 |
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'Diário' enfoca drogas, mas omite poesia Adolescentes descem ao inferno em tom de telefilme INÁCIO ARAUJO
Produção: EUA, 1994, 100 min. Direção: Scott Kalvert Elenco: Leonardo Di Capprio, Lorraine Bracco, Marlyn Sokol Onde: a partir de hoje nos cines Cinearte 1, Olido 1 e circuito No início de "Diário de um Adolescente" há quatro amigos, sendo três jovens razoavelmente pobres e talentosos jogadores de basquete. Jogar bem basquete significa, nos EUA, a possibilidade de cursar uma universidade. Mas no meio do caminho aparecem as drogas, ocupando mentes e corpos dos rapazes. O filme é uma transcrição, com tom de aplicado telefilme, dos diários de Jim Carroll, um dos rapazes que não desenvolveu o seu pendor esportivo. Virou escritor e músico. Ali estão a razoável pobreza e a intolerância do padre do colégio em que estudam. Ali estão também a adolescência e suas angústias. Um quê de incompreensão familiar completa a trama em que os garotos se enredam. O filme tem o mérito de não procurar uma explicação conclusiva -com a inevitável moralidade barata- para a questão que atormenta boa parte da humanidade: por que as pessoas se deixam enredar pelas drogas? Em troca, o diretor Steve Kalvert limita-se a fazer um filme descritivo. Do basquete transita-se para a cocaína. Daí a pouco estamos na heroína etc. Tudo, porém, é visto como um problema genérico, não uma trajetória pessoal. Ao nos sonegar a riqueza interior da vida dos garotos, de Jim em particular, os "Diários" também permanecem exteriores a sua desgraça. A natureza do mundo, a opacidade dos destinos, os caminhos da poesia, tudo o que se encontra sugerido na trama, enfim, perde-se pelo caminho. Temos um filme morno, apesar dos esforços de Leonardo Di Caprio. Texto Anterior: Filme adapta diários do escritor Jim Carroll Próximo Texto: NOITE ILUSTRADA Índice |
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