São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Clinton pede que irlandeses rejeitem terror

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Milhares de pessoas saíram ontem às ruas de Belfast, capital da Irlanda do Norte, para recepcionar o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, o primeiro chefe de Estado norte-americano a visitar a Província britânica.
Num discurso realizado em uma fábrica no lado oeste da cidade, habitado por católicos, Clinton exortou a população da Irlanda do Norte a rejeitar o terrorismo, responsável nos últimos 25 anos por mais de 3.000 mortes.
"Vocês precisam se posicionar de maneira firme contra o terrorismo", afirmou o presidente. "Precisam dizer para aqueles que ainda usariam de violência com objetivos políticos: 'Vocês são o passado, seu dia acabou"'.
Durante a visita à parte católica de Belfast, Clinton encontrou-se pela primeira vez em público com Gerry Adams, líder do Sinn Fein, braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês).
O encontro, marcado em segredo algumas horas antes, aconteceu em frente a um café. Clinton e Adams cumprimentaram-se e, em seguida, entraram no café.
Depois, Clinton cruzou a "linha da paz", que divide os lados católico e protestante da capital, e iniciou sua visita a Belfast Leste, de maioria protestante.
Clinton comprou um buquê de flores e o ofereceu à primeira-dama. Hillary e seu marido também visitaram Londonderry, a segunda cidade da Irlanda do Norte e uma das mais violentas da Província.
Às 19h42 (17h42 em Brasília), Clinton acendeu a árvore de Natal de Belfast, diante na praça central da cidade. Ele estava protegido por um vidro à prova de balas.
À noite, participou de uma recepção, oferecida pelo secretário do Reino Unido para a Irlanda do Norte, Patrick Mayhew. Estavam lá representantes da comunidade católica, como Gerry Adams, e protestante, como David Trimble, líder do Partido Unionista.
O líder do Partido Democrático Unionista, Ian Paisley, recusou-se a participar do evento e teve uma reunião à parte com Clinton.
Ontem, Clinton voltou a defender o "processo de cursos paralelos", anunciado terça-feira pelos governos britânico e irlandês.
O processo prevê a criação de uma comissão internacional que fará uma proposta para a deposição de armas do IRA e de grupos paramilitares protestantes.
Ao mesmo tempo, começam conversas preliminares entre as partes envolvidas no conflito da Irlanda do Norte. "Espero que todas as partes aproveitem esta oportunidade", disse Clinton.

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