São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Aumenta apoio a paralisação na França

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O movimento nacional de greve e protestos contra o plano de reformas sociais do governo francês se estendeu ontem por quase todo o setor público da economia.
A crise começa a se tornar política. Líderes da maioria parlamentar do premiê Alain Juppé, conservador, sugeriam ontem que o presidente Jacques Chirac convoque um plebiscito sobre as reformas.
No oitavo dia greve total de transportes públicos de Paris, aderiram também à paralisação os funcionários das estatais de energia elétrica, gás, correios e telefone. Hoje devem entrar em greve a administração dos impostos e finanças. É o maior movimento de protestos sociais desde 1986, quando Chirac era o premiê.
Houve falta de energia em regiões no norte do país e a estatal de energia elétrica teve de cancelar exportações para evitar blecautes.
Cerca de 150 mil pessoas fizeram passeatas em 11 cidades francesas, entre elas os estudantes, que reivindicam há oito semanas mais verbas e mais professores.
Pela primeira vez desde o início dos protestos, ontem houve conflitos violentos entre manifestantes e a polícia, em Paris e Nantes.
Em Paris houve quebra-quebra no final da passeata de 25 mil estudantes, da qual participaram ferroviários e desempregados. Dezenas de vitrines foram quebradas e carros foram depredados.
A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. Até a noite de ontem não havia balanço do número de feridos. Quatro manifestantes foram presos.
Em Nantes, três policiais e um estudante ficaram gravemente feridos. Em Toulouse, os estudantes bloquearam as garagens de ônibus e trens.
Pela primeira vez também ontem, a Bolsa de Paris reagiu aos protestos, com um queda de 1,56%. O franco caiu em relação ao marco alemão.
O sindicato dos empresários do comércio estima que a queda nas vendas provocada pela greve é de 40%. O sindicato nacional dos empresários fez um apelo ao governo para que se "mantenha firme no caminho das reformas".
Segundo seu porta-voz, André Lamassoure, o governo "pretende manter a calma e mostrar claramente que não há outro caminho para a França do que o das reformas, mas que, ainda assim, está disposto a negociar.

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