São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Fazendeiros vão se armar, diz ruralista

CARLOS EDUARDO ALVES
DO ENVIADO ESPECIAL A PIRASSUNUNGA

Os proprietários rurais vão utilizar armas se até o fim do mês não houver um recuo na onda de invasão comandada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ameaça é do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), um dos líderes da bancada ruralista.
"Nós vamos nos armar com segurança particular se esse problema não tiver solução até janeiro", disse Marquezelli antes da solenidade de formatura dos cadetes da Força Aérea, ontem ,na cidade paulista de Pirassununga. Marquezelli tem lá reduto eleitoral.
Marquezelli não assumiu o uso da palavra milícia: "Nós vamos nos proteger como qualquer outra empresa. Só vai entrar nas fazendas quem a gente autorizar".
A declaração serve como pressão na nova luta dos ruralistas: a indicação do futuro presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Marquezelli anunciou que os deputados ruralistas têm uma lista para o cargo. Pela ordem, os candidatos "para fazer a reforma agrária", de acordo com ele, são os seguintes: Alysson Paulinelli, Sinval Guazelli e Hélio Garcia.
"O presidente do Incra tem de ter peso político e currículo, como o Paulinelli e os outros dois", acha o deputado ruralista.
Marquezelli não escondeu que a preocupação dos fazendeiros representados por ele é com a possível manutenção de Raul do Valle, presidente interino do Incra.
"O que não é possível é entregar o Incra a um cara que toma banho no aeroporto", disse.
Anteontem, ao retornar de uma viagem de 30 horas desde a Indonésia, Valle lavou-se rapidamente na pia do banheiro do aeroporto de Cumbica porque não teria tempo de tomar banho antes de encontrar-se com o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Viera, em Brasília.
O deputado abriu outra frente de batalha contra a Igreja Católica. "O governo tem de parar de ouvir a turma do latim, a CNBB", afirmou.

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